BD argentina e asiática em destaque em Angoulême

Principal festival europeu de banda desenhada começa amanhã em França

Começa amanhã, quinta-feira, o 35º Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, França, o mais importante certame europeu do género.
Do ponto de vista formal, há dois aspectos a realçar: por um lado, o regresso das enormes feiras de BD ao centro da cidade, após a infeliz experiência do ano transacto que nos arredores; depois, a substituição do anterior patrocinador, os hipermercados Leclerc, por uma parceria entre a FNAC e a SNCF (caminhos de ferro franceses) que triplicarem o investimento (500 mil euros) e instituíram um prémio.
Quanto à programação, o principal destaque vai para a retrospectiva da banda desenhada argentina, na perspectiva do virtuoso do preto e branco José Muñoz, presidente do festival este ano por ter sido distinguido com o Grande Prémio da Cidade em 2007, que é uma homenagem sentida à 9ª arte do seu país natal. Também apetecíveis são “Cidades do futuro”, que ilustra como têm sido (ante)vistas nos quadradinhos as metróploles do futuro, a exposição consagrada ao filme de animação Persépolis, de Marjane Satrapi, e a retrospectiva dos 35 autores já contemplados com o Grande Prémio do festival.
Os manga, (bd japonesa), com importância crescente no mercado francófono, estão representados numa grande exposição do colectivo Clamp. No que respeita à BD asiática, haverá igualmente uma forte presença chinesa, no seguimento do protocolo estabelecido há dois anos com o Festival de BD de Xangai, concentrada num enorme pavilhão e numa delegação de mais de 50 pessoas, encabeçada pela vice-primeira ministra chinesa da Cultura, e com autores como Jidi e Yao Feila.
A reter ainda, entre muitas outras mostras, como habitualmente com as mais diversas temáticas e espalhadas por toda a cidade, as monográficas de Sérgio Toppi, Luciano Bottaro, Ben Katchor, Moebius e Hermann, bem como a realização das 24 horas de BD, que reunirá 24 autores durante um dia completo frente ao desafio de criarem uma BD de 24 páginas, e os encontros internacionais, nos quais o público tem oportunidade de dialogar com grandes nomes da 9ª arte.
No que respeita ao palmarés de festival, se a crítica especializada aponta na lista dos títulos pré-seleccionados a ausência das obras mais populares de qualidade, como “XIII”, nas quais assenta muito do mediatismo e do sucesso financeiro do género no mercado franco-belga, destaque para o novo prémio que contemplará uma BD criada em blog.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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