Dave McKean e Gipi no IV Festival de Banda Desenhada de Beja

Quadradinhos invadem a cidade até 25 de Maio; Evento privilegia produção nacional; Mais de uma dezena de projectos editoriais portugueses em destaque

Começa hoje e prolonga-se até 25 de Maio o IV Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, que mantém o seu carácter apelativo e estimulante, graças aos três vectores em que alicerça a sua programação: a produção nacional, os intercâmbios com a vizinha Espanha, em especial com a Galiza, e o convite a autores de créditos reconhecidos, embora à margem do mainstream.
É o caso, este ano, de Dave McKean, um veterano dos quadradinhos, que se destacou pelo seu experimentalismo, por exemplo nas capas da série “Sandman”, à base de fotografia e colagens, e do italiano Gipi, com um livro editado em português (“O local”, Vitamina BD) que aposta em relatos mais intimistas e autobiográficos, de grande sensibilidade.
Este ano, mais uma vez, os quadradinhos vão invadir o centro histórico de Beja, com 16 exposições distribuídas pela Casa da Cultura (o núcleo principal), Biblioteca José Saramago, Conservatório Regional do Baixo Alentejo, Museu Jorge Vieira – Casa das Artes, Museu Regional e Pousada de S. Francisco. No total, são cerca de meio milhar de pranchas de 80 autores de vários continentes, num imenso convite à descoberta de estilos, temáticas, tendências e géneros.
Às exposições monográficas dos autores citados juntam-se as do francês Franz Duchazeau e do alemão Martin Tom Dieck, mas o grande destaque do Festival de Beja continua a ser feito em português, com mostras de Filipe Andrade e Filipe Pina, João Lemos, Nuno Saraiva, Pedro Leitão, Diniz Conefrey, Susa Monteiro, Osvaldo Medina e PepeDelRey, Teresa Câmara Pestana ou a mostra colectiva do atelier Toupeira, que cria BD em Beja ao longo de todo o ano. Colectivas são também as mostras “10 anos de BD galega” e “Jovens autores da América”.
Do programa diversificado, que vai da gastronomia à cultura japonesa, das sessões de autógrafos a um Quiz BD, dos workshops ao cinema, em tempo de crise, o destaque vai para a apresentação e/ou lançamento de mais de uma dezena de projectos editoriais independentes, mostrando o carinho que o festival dedica à edição, bem expressa nas edições próprias: “Venham +5” #5, com mais de 200 páginas e 50 autores, e “A Carga”, de Susa Monteiro.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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