À abordagem!

Após 40 anos de carreira, Hermann estreia-se numa história de piratas

Aos 70 anos, “O diabo dos sete mares”, é (mais) uma confirmação de Hermann como um dos melhores desenhadores realistas da BD franco-belga.

E revela a sua mestria na planificação contida mas variada e dinâmica e, principalmente, no desenho traçado com soberbas cores directas, das múltiplas gamas de cinzentos das cenas nocturnas aos tons luxuriantes dos pântanos da Carolina do Sul. Isto, depois de incursões por quase todos os géneros: aventura em estado puro (em “Bernard Prince”), western (“Comanche”), Idade Média (revisitada n’“As Torres de Bois-Maury”), futuro pós-apocalíptico (“Jeremiah”), ficção histórica (“Jugurtha”) ou humor e fantasia (“Nic, o sonhador”).
Agora, tudo se inicia com o casamento em segredo da filha de um rico fazendeiro com um aventureiro de passado duvidoso. Só que o seu acto despoleta um sem número de consequências, do deserdar da jovem ao incêndio da plantação do seu pai, da fuga do casal às sucessivas alianças, lutas e traições pela posse do tesouro do mítico e terrível pirata conhecido como “Diabo dos Sete Mares”, em torno de quem tudo gira apesar de uma aparição pouco mais do que fugaz.
Tudo narrado em cadência acelerada, com os acontecimentos e as revelações a sucederem-se, obrigando o leitor a parar por vezes para considerar as diversas pistas que o argumentista Yves H., como é habitual nele, vai fornecendo, fazendo de uma intriga aparentemente simples e directa, uma trama elíptica e elaborada.

Talento multifacetado

O Diabo dos Sete Mares – Parte 1
Yves H. (argumento) e Hermann (desenho)
Vitamina BD

Nascido a 17 de Julho de 1938, Hermann Huppen, em parceria com Greg, foi um dos pilares da revista “Tintin”, nas décadas de 60 e 70.
A partir dos anos 80, primeiro a solo, desde 1995 com argumentos do seu filho Yves H., aliou a um elevado ritmo produtivo um apuro gráfico da sua notável técnica de cor directa.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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