Mandrake: 75 anos num passe de mágica

A 11 de Junho de 1934, o King Features Syndicate distribuía a primeira tira diária de “Mandrake”. Era a chegada à BD da magia que Houdini celebrizara e popularizara, e que constituiria mais uma válvula de escape para uns Estados Unidos ainda sob os efeitos da grande depressão de 1929.
Calmo, elegante, de bigodinho fino e belo porte, smoking, capa e cartola pretas, tendo aprendido as suas artes hipnóticas na escola de magia de seu pai, Theron, e vivendo na (sofisticada) mansão de Xanadu, com a bela princesa Narda, com quem casará décadas (!) mais tarde, Mandrake conta sempre com a ajuda (física) de Lotário, possivelmente o primeiro negro da história da BD, caricaturado com as suas roupas de peles de animais. No início usando magia pura, que desapareceu por pressão de sectores cristãos sendo substituída por dotes telepáticos e hipnóticos, Mandrake desde cedo enfrentou ladrões e extraterrestres, contando-se entre os seus principais inimigos o seu gémeo Derek e o meio-irmão Lúcifer, mais conhecido como Cobra, e a associação criminosa “8”.
Os seus autores foram Lee Falk (1911-1999) – que em 1936 criaria também o Fantasma – e Phil Davis (1906-1946), que se inspiraram no mágico (de carne o osso) Leon Mandrake, amigo de Davis. Juntos, prosseguiram com as aventuras do prestidigitador, até ao falecimento de Davis, que seria substituído por Fred Fredericks (1929), que desde 1999 também escreve esta série que acompanhou os leitores do Jornal de Notícias a partir de 1978, durante quase 30 anos.
O êxito dos quadradinhos levou Mandrake à rádio e ao pequeno ecrã logo em 1939 e nos anos 60 Fellini, amigo de Falk, chegou a pensar levá-lo ao cinema. Notícias recentes apontam de novo essa possibilidade, num filme dirigido por Mimi Leder, com Hayden Christensen (o jovem Anakin Skywalker/Darth Vader de Star Wars 2 e 3), como Mandrake, e Djimon Hounssou, como Lotário.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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