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75 anos e muitos quacks!

Há exactamente 75 anos, passava pela primeira vez nos ecrãs dos cinemas norte-americanos mais uma “Silly Symphonie” Disney, “The Wise Little Hen”, onde se estreou um dos mais importantes heróis de papel e celulóide de sempre: o Pato Donald.

Curiosamente, “a saída do ovo” poderia ter acontecido mais cedo, uma vez que ele já é mencionado no guião de um storyboard escrito por Walt Disney em 1931, tendo mesmo Ferdinand Horvath feito alguns esboços.
Mas acabou por acontecer eram decorridos pouco mais de dois minutos daquela animação baseada na fábula de Esopo, então criado pelo animador Dick Lundy, e interpretando o papel (secundário) de um dos preguiçosos que se recusam a ajudar a galinha que quer plantar milho para mais tarde ter alimento, surgindo apenas no final para (tentar) comer os frutos do trabalho dos outros. De personalidade ainda indefinida, já possuía a (semi-ininteligível) voz característica, da responsabilidade de Clarence Nash, que contribuiu bastante para o seu sucesso junto do público, embora fosse mais alto e pesadão e tivesse patas maiores.
De seu nome completo Donald Fauntleroy Duck, viria a revelar-se impulsivo, irascível, convencido, irritável, implicativo, explosivo, incapaz de pedir desculpa e reconhecer os seus erros, certo de ter sempre razão e um grande azarado (perdendo rapidamente a maldade que o levou a lançar uma âncora a um Pateta prestes a afogar-se ou a fazer-lhe cócegas quando o vê pendurado de um beiral, como se vê em duas das suas primeiras BDs). Veio também a descobrir-se sobrinho do pato mais rico do mundo apesar de pobretão, tio dos irrequietos Huguinho, Zezinho e Luizinho (surgidos em 1937) e eterno namorado de Margarida (1940). Na origem, já vestia o chapéu e camisa de marinheiro azuis com lista branca que se tornariam a sua imagem de marca (a par da ausência de calças, embora use sempre uma toalha em volta da cinta e pernas ao sair do banho…), mas ainda não soltava os seus inconfundíveis quacks!
Da sua carreira, constam cerca de 200 filmes animados, 12 nomeações para o Óscar e um conquistado (com ”A face do Fuehrer”, de 1943) e milhares de histórias de banda desenhada, onde se estreou no mesmo ano de 1934, numa adaptação de “The wise little hen”, escrita por Ted Osborne e desenhada por Al Taliaferro, sendo datada de 1938 a primeira revista com o seu nome. Seria no entanto apenas com Carl Barks, que desenhou mais de 500 das suas histórias entre 1942 (quando autonomizou Donald de Mickey, em ”Donald Encontra o Ouro dos Piratas”) e 1967, que se tornaria tal qual o conhecemos hoje. Barks, com o seu humor sarcástico, humanizou o pato, dotando-o de alguns dos maiores defeitos do ser humano, usando-o para criticar a sociedade e os seus vícios, e tornando-o assim numa inesgotável fonte de gargalhadas. E foi na BD também que, mais tarde, surgiu como alter-ego do Superpato e interpretou, emulando Indiana Jones, os Duck Tales.
Hoje, se as histórias aos quadradinhos estão em perda há muito (com excepções como os países nórdicos, a Itália, a Alemanha ou a Índia) e a participação em filmes animados diminuiu drasticamente, substituído por heróis do momento, de enorme mas breve êxito, a sua popularidade mantém-se (quase) intacta, identificado por milhões de pessoas e continua a aparecer em milhares de produtos licenciados um pouco por todo o mundo.

[Caixa]

Os homens do pato

Walt Disney (1901-1966)
Nascido em Chicago, após uma infância e juventude atribuladas, criou a Walt Disney Company, que geriu com pulso de ferro, apondo o seu nome a todas as criações nele surgidas, como Mickey, Donald e muitos mais heróis do papel e/ou do cinema animado, que marcaram inúmeras gerações em todo o mundo.

Carl Barks (1901-2000)
Como desenhador dos Estúdios Disney, criou o Tio Patinhas, Irmãos Metralha, Professor Pardal ou a cidade de Patópolis. Conhecido como “o homem dos patos”, pelas muitas histórias deles que escreveu e desenhou, foi o primeiro autorizado a assinar o seu nome junto aos palmípedes, nas pinturas a óleo a que se dedicou no final da vida.

Clarence Nash (1904-1985)
Nascido em Oklahoma, foi a voz de Donald nos filmes animados durante mais de 50 anos, em inglês, mas pontualmente também em espanhol e português (do Brasil). A voz que Nash criou para Donald, consistia fazer um tipo de “ruído” pelo canto da boca, que lembrava o grasnar de um pato.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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