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Natacha, 40 anos e nem uma ruga

Há 40 anos, as páginas da revista Spirou, habitualmente direccionadas para os mais novos, recebiam a surpreendente e inesperada visita de uma jovem curvilínea e atraente. Era Natacha, uma nova heroína, hospedeira do ar de profissão, que quebrava uma (quase) tradição que entregava o protagonismo dos quadradinhos a heróis masculinos – de quem Natacha nunca dependeu -, precedendo – sem o saber – diversas outras mulheres de papel mais livres e autónomas.
O seu criador era François Walthéry, belga, então com 24 anos, iniciado na BD no estúdio de Peyo, o criador dos Schtroumpfs, que com o seu traço caricatural semi-realista fazia realçar o lado bem feminino de Natacha. A seu lado, no argumento, estava Gos (aliás Roland Goossens) que tirava partido da profissão dela para a transportar para os mais exóticos cenários, em companhia de Walter, um comissário de bordo impulsivo e trapalhão, em aventuras, leves, bem ritmadas e com um toque de humor, que terminavam sempre com a vitória da justiça e do bem, ou seja perfeitamente integradas na tradição e no espírito da revista que a acolhera.
Se Walthéry se mantém ao leme dos destinos da sua pupila, depois de Gos, passaram também pela escrita das suas aventuras autores conceituados como Tillieux, Wasterlain, Peyo ou Cauvin, seguindo o caminho previamente traçado.
Hoje, quatro décadas, 21 álbuns e cerca de um milhar de pranchas depois, Natacha, não ganhou uma única ruga e, acompanhando os ventos de um tempo que também é o seu, viu até acentuar-se o seu lado sensual, sem transgredir, nos quadradinhos, as regras próprias do seu público – mas protagonizando, fora deles, portefólios com um toque de erotismo.
Em Portugal foi publicada na versão lusa do Spirou e no Jornal da BD, enquanto que na Bélgica está em curso a reedição integral das suas aventuras, pela editora Dupuis.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

De pequenino

A implantação crescente do género manga no mercado francófono (cerca de 45 % das edições de 2006) e, em especial junto das novas gerações, tem obrigado as editoras a desdobrarem-se em novas estratégias para combaterem uma realidade que há muito deixou de ser apenas um fenómeno de moda.

Neste espírito, a Dupuis acaba de lançar duas novas colecções: a Puceron, para crianças a partir dos 3 (três!) anos, e a Punaise, a partir dos 6 anos. O princípio comum às duas é que o seu público-alvo seja capaz de ler sozinho as BDs propostas.

Por isso, “Méchant Benjamim #1 – Ah non!”, de Carine De Brab, BD praticamente não tem textos, mas não é muda, porque o seu protagonista, de 3 ou 4 anos, para que os leitores se possam com ele identificar, se farta de berrar, sempre que é contrariado.

Tudo começa quando a sua mãe tem que se ausentar por alguns dias, deixando-o com a baby-siter, com quem ele desenvolve uma relação de quase amor-ódio (passe o peso exagerado desta expressão) extensível também ao seu gato o que, a par do facto de Benjamim ser um especialista em guerrilha caseira, e ter uma imaginação grande como o (seu) mundo, gera situações francamente divertidas.

De todo o modo recomenda-se que a leitura do livro seja acompanhada por um adulto, não vão os nossos filhos seguir os maus exemplos do “malvado” Benjamim, cujo maior defeito é não ser capaz de passar sem a mãe e/ou a baby-sitter!


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias