Etiqueta: Juan Cavia

Um invulgar quarteto de heróis nacionais

Homenagem aos filmes, séries, BD e jogos de vídeo dos anos 1980/90
Todas as aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy num único volume com conto inédito

Em 2010, a banda desenhada portuguesa era surpreendida com o lançamento de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy”, que viriam a demonstrar – mais três livros e quatro anos depois – que os quadradinhos nacionais eram capazes de chegar a leitores fora do habitual nicho e podiam ter como protagonistas heróis recorrentes e marcantes. No caso, um detective do paranormal capaz de se transformar em lobisomem, um entregador de pizzas, um demónio de seis mil anos preso num corpo de criança e a cabeça de uma gárgula. Juntos, foram capazes de salvar o mundo por diversas vezes, enfrentando um exército de nazis no subsolo de Lisboa, evitando o Apocalipse à justa com uma ajuda da Senhora de Fátima, sobrevivendo ao fisco, vencendo uma ameaça vinda do espaço e demonstrando que o último capítulo de uma trilogia nem sempre é o pior.
O desejo confessado pelos autores de reunir todas as aventuras, os relatos longos e as narrativas curtas, num único tomo, concretizou-se há um par de meses com “As Aventuras Completas de Dog Mendonça e Pizzaboy”. O percurso não foi fácil nem pacífico, mas a verdade é que olhando hoje para trás e relendo estas histórias, mesmo sabendo que entretanto a dupla de autores já nos proporcionou obras de um outro calibre como “Os Vampiros” e “Balada para Sophie”, é notória a evolução e encontramos nelas tudo aquilo que as tornaram distintas e apelativas: um ritmo vivo, um humor inteligente e desafiador, uma montagem cinematográfica das pranchas, um desenho dinâmico e, em jeito de homenagem, a multiplicação de referências aos filmes, séries, bandas desenhadas e jogos de vídeo que marcaram a geração dos anos 1980/90.
Como atractivo, para além dos prefácios originais de John Landis, Lloyd Kaufman, George A. Romero e Tobe Hooper, o primeiro ‘integral’ da banda desenhada portuguesa inclui um texto de João M. Lameiras sobre o percurso dos criadores e das criaturas, sustentado por uma série de extras dos vários volumes, e um conto ilustrado inédito sobre as origens da Madame Chen, mais próximo do actual registo mais intimista e sério dos autores, que de alguma forma reflecte o que Filipe Melo escreve no prefácio, que estas histórias despretensiosas e muito divertidas são também “sobre a passagem do tempo e a transição para a idade adulta”.

As Aventuras Completas de Dog Mendonça e Pizzaboy
Filipe Melo e Juan Cavia
Companhia das Letras
392 p., 48,45 €


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Filipe Melo: “Temos orgulho no que éramos na altura, mas agora somos melhores”

“Aventuras Completas de Dog Mendonça e Pizzaboy” já nas livrarias

Acaba de chegar às livrarias nacionais “As Aventuras Completas de Dog Mendonça e Pizzaboy”, uma paródia aos grandes filmes de aventuras dos anos 1980 e um ‘tijolo’ com mais de 450 páginas de BD que foi o pretexto para uma entrevista com os seus criadores, Filipe Melo e Juan Cavia.
Este volume reúne os três álbuns originais, as histórias curtas publicadas pela primeira vez nos Estados Unidos, um conto inédito, diversos extras e os prefácios assinados por John Landis, Lloyd Kaufman, George A. Romero e Tobe Hooper. Treze anos depois da publicação do primeiro livro, “representa o fim de um logo caminho” diz Filipe Melo, “algo que tínhamos de fazer antes de começar um novo projecto”. Juan Cavia, o desenhador confessa “vergonha em reeditar só o primeiro livro, porque já não nos representa; na época éramos muito jovens.” E assevera: “a pressão de voltar a Dog Mendonça e Pizzaboy estava a esgotar-nos”. Melo complementa: “temos orgulho no que éramos na altura, mas agora já somos melhores do que isto. Por isso, foi incluída uma história nova, protagonizada pela Madame Chen, que representa a visão actual dos autores, o que são hoje”. E explica: “logo na terceira página do argumento, ficou claro que não podíamos seguir o mesmo esquema”, por isso, a solução foi “um conto ilustrado, com um desenho mais livre, mais poético, que encerra o livro e ao mesmo tempo é o início de todas as aventuras”.
Questionados sobre voltarem um dia às personagens, Melo repete que “é um capítulo encerrado, ultra-enterrado e com construções por cima!” Mas entreabre a porta: “Ter uma ideia é difícil… se surgir uma boa ideia, será um crime não a aproveitar”. Cavia reitera por outras palavras: “neste momento não existe vontade, mas não sou fundamentalista… tudo pode acontecer!”.
Inicialmente pensadas como um filme protagonizado por Nicolau Breyner, “As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy”, um detective lobisomen e um entregador de pizzas, auxiliados por um demónio de 6000 anos e a cabeça de uma gárgula, acabaram por ser narradas em banda desenhada, tornando-se um dos maiores sucessos dos quadradinhos nacionais. Melo revela que a partir do segundo álbum começou a escrever “em função do desenho do Juan” e que entre os dois se desenvolveu “uma química perfeita”. Nunca pensou “escrever para outros desenhadores”, pois embora ele e Cavia não sejam “ciumentos”, têm “um casamento artístico muito feliz”.
Em termos de futuro, confessam que ainda não estão a trabalhar num nova obra. Filipe Melo revela até “que conceber este volume integral foi uma forma de fugir ao livro que vem depois do “Balade para Sophie”. O sucesso nacional, em França, Espanha e Estados Unidos, com a nomeação para diferentes prémios, “inconscientemente é um peso e uma responsabilidade extras”, reconhece Juan Cavia. O argumentista contrapõe: “Para mim não; o facto de ter corrido bem, dá margem para fazermos algo que não corra tão bem… mas tem de ser novo, representar uma motivação acrescida”. “Acima de tudo”, conclui Cavia, “tem de ser algo honesto”.
Quando terminaram “Balada para Sophie”, “que saiu durante a pandemia, por isso com padrões distorcidos” recorda Cavia, “havia a noção que era um livro mais tradicional, mais universal, logo mais vendável. Mas também era um livro muito longo, trabalhado durante vários anos. Podia ter corrido mal, mas o que dá mais trabalho, também dá melhores resultados”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

“Portugal vai ficar feito em cacos!”

São dois novos heróis da BD portuguesa e acabam de salvar o mundo em “As Incríveis aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy”, um relato rocambolesco e delirante acabado de chegar às livrarias. O seu autor é Filipe Melo, “pianista de jazz de profissão”, sempre metido “em aventuras que não deixam muito tempo para o piano, como o cinema” – onde realizou “All see you in my dreams”, o mais famoso filme de zombies nacional, e a série televisiva “Mundo Catita” – e agora “também a BD”, para onde transportou influências do cinema fantástico (“Gremlins”, “Regresso ao Futuro”, “Matrix”, John Landis, que prefacia o livro) e da BD (“Hellboy”, “Dylan Dog”).
No início eram apenas ideias “anotadas em post-its”. Seguiu-se um retiro “em Tondela, onde em 20 dias” escreveu “o guião do que deveria ser um filme”, pois demorou muito tempo “a perceber que esta história tinha que ser contada em BD”. Hoje, satisfeito com esta “obra feita pelas razões certas, por gosto, não para ganhar dinheiro”, pensa que “teria dado um mau filme, pois não haveria verba para os efeitos especiais necessários!”
Após uma série de peripécias, acabou por “encontrar o desenhador na Argentina”, com quem ao longo de um ano trocou mails e conversou no Skype, para finalmente se conhecerem pessoalmente “há dias, quando Juan Cavia chegou ao nosso país”, para uma série de eventos de promoção do livro.
Para “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy” imagina como banda sonora “um grande arranjo orquestral” em que os seus (invulgares) heróis têm de “evitar o regresso do Quarto Reich”, com Lisboa como pano de fundo, “pois durante a II Guerra Mundial a capital portuguesa fervilhou de espiões e refugiados”.
Agora, qual bom zombie, está morto… “por convencer toda a gente a fazer a sequela”. Que já tem título – “Apocalipse” – e que parte das mesmas premissas: “acontecimentos estranhos, Lisboa como cenário e a missão de salvar o mundo em 12 horas”. Começará “cinco anos depois da primeira história” e nela “o Pizza Boy trabalha num call-center, a única actividade mais deprimente do que ser entregador de pizzas”. E como foi pensada desde o início como “novela gráfica, posso destruir muito mais coisas!” Por isso, revela Filipe Melo, no seu final “Portugal vai ficar feito em cacos!”


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

BD portuguesa lançada no Fantasporto

O teatro Rivoli, no Porto, assiste hoje, às 18 horas, ao lançamento da Zona Fantástica, terceiro número (depois da Zona Zero e da Zona Negra) de um projecto alternativo nacional, desenvolvido especialmente através da Internet, que pretende promover e divulgar o trabalho de novos autores na área da banda desenhada e da ilustração. Com 80 páginas a cores e o fantástico como tema, reúne obras de quatro dezenas de autores, quase todos portugueses, uma dezena dos quais estará presente hoje para uma sessão de autógrafos.
Amanhã, à mesma hora, a BD volta ao Rivoli e ao Fantasporto, para a apresentação de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy” (Tinta da China), uma das mais aguardadas produções nacionais aos quadradinhos. Esta novela gráfica, escrita por Filipe Melo (pianista de Jazz e autor da curta-metragem de terror “I’ll See You In My Dreams” e da série televisiva “Mundo Catita”) e desenhada pelo argentino Juan Cavia, reúne um entregador de pizzas, um detective do oculto, um demónio que encarnou numa criança e a cabeça duma gárgula, que percorrem as entranhas de Lisboa, para descobrir quem anda a raptar as crianças lisboetas e, juntamente com monstros e demónios, evitar o renascimento de uma (nova) ameaça nazi.
Os autores destas duas obras estarão no sábado, dia 6, na livraria Central Comics, no Porto, para autógrafos.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem