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Adèle Blanc-Sec no Cinema

Depois da estreia no último FantasPorto, onde arrebatou o Prémio do Público, já chegou às salas de cinema nacionais a adaptação cinematográfica feita por Luc Besson da série “Adèle Blanc-Sec”, de Jacques Tardi. Rebaptizada (vá lá saber-se porquê) “A Maldição do Faraó” no mercado português, o filme adapta elementos dos 2 primeiros e do 4º álbum da série, numa história original, que bebe tanto da obra de Tardi, como da série “Indiana Jones”.

Um dos mais populares cineastas franceses da actualidade, responsável por grandes sucessos como “Leon, O Profissional” (que lançou Natalie Portman) e “O Quinto Elemento”, obras que em termos de meios, filosofia e linguagem, estão mais próximas dos filmes de Hollywood do que do cinema europeu, Besson estreia-se aqui na adaptação de uma Banda Desenhada, mesmo que “O Quinto Elemento”, em que trabalharam autores como Jean-Claude Mèzieres e Moebius, vá beber muito à série “Incal” de Moebius e Jodorowsky.

Filme movimentado e divertido, “As Aventuras de Adèle Blanc-Sec” tem o seu ponto mais forte no trabalho de produção, dos efeitos especiais à maquilhagem, havendo uma grande preocupação de dar aos actores um aspecto que os aproxime o mais possível dos desenhos de Tardi. E, com a excepção da própria Adèle (Louise Bourgoin é bastante mais bonita do que a heroína desenhada por Tardi) a caracterização dos actores que interpretam os papeis de Dieuleveult, Saint-Hubert, Esperandieu e do Inspector Caponi, faz deles cópias vivas das personagens desenhadas por Tardi, que têm uma pequena participação no final do filme, ao lado da sua mulher, a cantora Dominique Granje, como um casal que embarca no Titanic à frente de Adèle.

Carregando mais no humor do que a Banda Desenhada que lhe deu origem, o filme vive muito do excelente desempenho de Louise Bourgoin, que revela um excelente timing para comédia. Veja-se a delirante sequência (que não vem nos livros e mais parece tirada de um desenho animado dos Looney Toons) em que Adèle usa vários disfarces para ajudar Esperandieu a escapar da prisão da Santé.
Mesmo sem ter sido um sucesso estrondoso, o filme vendeu suficientemente bem para que se fale numa trilogia. Com nove álbuns de Adèle Blanc-Sec publicados em França, não falta material para adaptar e, tendo em conta que estes filmes ajudam sempre a puxar as vendas dos livros que lhe servem de inspiração, pode ser que a Asa, que acabou de lançar o 3º volume da série com o jornal “Público”, se lembre de lançar os álbuns que faltam em português.

(“A Maldição do Faráo: As Aventuras de Adèle Blanc-Sec”, de Luc Besson, com Louise Bourgoin e Mathieu Almaric, Europa Corp, 2010. Em exibição em Coimbra nos cinemas Zon /Lusomundo Fórum Coimbra)

Louise Bourgoin
Louise Bourgoin.

Luc Besson leva Adèle Blanc-Sec ao cinema

Descoberto o filão, que tantos sucessos tem garantido, o cinema não larga a banda desenhada. Agora, foi Luc Besson que comprou os direitos para adaptação cinematográfica das “Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec”, uma série criada em 1976 por Jacques Tardi, nas páginas do jornal Sud-Ouest.
O acordo foi assinado entre a EuropaCorp (a produtora de Besson) e a Casterman (que edita os álbuns de Adéle) e prevê a realização de três longas-metragens, a primeira das quais já em 2009, tendo por base o extravagante ambiente da série. Misto de policial, terror e fantástico, em Adèle Blanc-Sec, uma das primeiras heroínas modernas da BD franco-belga – inteligente, independente e convicta -, Tardi diverte-se, com uma ironia muito própria, criando uma obra operática caótica, em que contracenam sábios loucos, dinossauros ressuscitados, seitas adoradoras de deuses exóticos sedentos de sangue, conspiradores e polícias dotados de grande inépcia, que se vão cruzando com a protagonista. A acção passa-se no pós-Primeira Guerra Mundial, na Paris que Tardi adora e retratou como ninguém nos quadradinhos. Com nove álbuns publicados no mercado francófono (e um décimo a caminho), com vendas globais superiores a dois milhões de livros, os quatro primeiros tomos das aventuras de Adèle Blanc-Sec chegaram a Portugal no final da década de 70 do século passado, pela mão da Bertrand, sendo depois reeditados pela Witloof, em 2003.
Esta não é a primeira vez que Luc Besson faz a ponte entre a BD e o cinema. Em “O quinto elemento”, chamou Jean-Claude Mezières, desenhador da série de ficção-científica “Valérian”, para criar os cenários e adereços e, recentemente, associou-se ao desenhador Dikeuss para dar uma nova vida à Septième Choc, uma pequena editora de BD que acaba de apresentar os seus primeiros álbuns no festival de BD de Angoulême.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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