“Conte de fées à l’élysée”, do cartoonista Jul, tem tiragem de 40 mil exemplares e foi fabricado em apenas três semanas
Num país como a França, em que a banda desenhada tem uma importância indiscutível, do ponto de vista artístico e económico, a relação entre Nicolas Sarkozy, actual presidente da república francesa, e a ex-modelo e cantora Carla Bruni, não podia passar ao lado dos quadradinhos. Agora, o “par romântico”, para lá da presença constante nas revistas satíricas, é também protagonista (involuntário) de “Conte de fées à l’Élysée” (edição da Glénat), uma recolha de cartoons de Jul, lançada ontem, com uma tiragem de 40 mil exemplares, quase em simultâneo com a realização do enlace e com um tempo de fabrico recorde: apenas três semanas.
Mesmo sem ter sido convidado para o casamento em segredo que teve lugar na semana passada, Jul, ao longo das 64 páginas do livro, mostra estar por dentro de tudo o que diz respeito à tão badalada união, da lista de convidados (e dos interditos) à roupa dos nubentes, da decoração do local ao bolo do casamento (incluindo a adição à última da hora de uns tacões extra em nougat aos sapatos do noivo, para que a diferença de alturas não fosse tão evidente!), não se poupando sequer a retratá-los como Branca de Neve e um dos sete anões. Situações recriadas com o seu traço característico – próximo do de Wolinsky – simples, directo, expressivo, completamente despido de pormenores acessórios para que o humor tenha todo o destaque. Humor que assenta numa sátira feroz e determinada à sociedade e ao mundo, sem tabus nem concessões.
Nascido em Paris, em 1974, Jul, depois de uma experiência como professor de História da China na universidade, tornou-se cartoonista, publicando nas revistas humorísticas “Charlie Hebdo” e “Le canard Enchainé” (onde nasceram alguns dos actuais desenhos), entre outras publicações. A globalização foi o tema do seu primeiro grande sucesso, “Il faut tuer José Bové”, tendo igualmente utilizado a sua veia satírica para retratar o choque de civilizações através do diário íntimo do “casal” Bin Laden/Georges Bush. “Le Guide du motard pour survivre à 9 mois de grossesse” valeu-lhe o Prémio Goscinny em Dezembro último.
Esta não é a primeira vez que Nicolas Sarkozy é alvo do traço (e da troça) dos seus concidadãos, longe disso, já que antes da sua eleição foi herói de títulos como “La Face kärchée de Sarkozy”, que vendeu 200 000 exemplares, “Tout sur Sarko” ou “Le petit Nicolas à l’Elysée”.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias