“O mais importante da Turma da Mônica são os valores que transmite”

Chama-se Maurício de Sousa, nasceu há 73 anos no Brasil, completa 50 de carreira em 2009 e demonstra uma enorme vitalidade, notória nos muitos projectos que continua a desenvolver e a abraçar.
O principal, no momento, é a Campanha Educacional na China com a Turma da Mônica, “via Internet, desenvolvida a convite do governo chinês”, como faz questão de frisar. E entusiasma-se: “Imagine a oportunidade que temos de inculcar os nossos valores em 180 milhões de crianças daquela que vai ser em breve a nação mais poderosa do mundo!”.
Aliás, após meio século de “quadrinhos”, se mudaram “a linguagem e as ferramentas”, se há actualizações “devidas aos progressos tecnológicos”, se há “novas temáticas como a ecologia ou o respeito pela diferença”, algo permanece inalterado na Turma: “os valores que queremos transmitir: amizade, solidariedade, superação”.
Valores também presentes na Turma da Mónica Jovem, “o filho que de momento me exige mais cuidado, pois finalmente deixou o meu colo e está à vista de todos”, diz com um brilhozinho nos olhos que surge quando fala nos seus “rebentos”. Desenhado por si – “faço sempre o primeiro esboço de novas personagens” – com a ajuda “imprescindível da minha esposa, Alice Takeda, que faz rostos melhor do que eu e domina o que diz respeito a moda e vestuário”, é “uma versão adolescente em estilo manga dos heróis tradicionais”, com a narrativa dividida entre acção e fantasia, “de acordo com os gostos adolescentes” e o quotidiano dos protagonistas, o “que nos vai permitir abordar temas importantes para os jovens como acne, namoro, sexo seguro, gravidez indesejada ou incorporação no exército”, e que os portugueses conhecerão dentro de três meses. E se não vê problema “nas poses sensuais de Mônica e Magali ou em piadas com duplo sentido”, obrigou a “oito versões da capa do nº 4, em que a Mônica beija o Cebola” – e recusa mostrar “o Cascão na banheira, apesar de ele agora já tomar banho”. Porque a última palavra continua a ser sua, pelo que revê “1000 páginas de BD por mês” e todos os contratos passam por si.
Vocacionada para adolescentes, a “Turma da Mônica Jovem” é também lida “por adultos que querem ver como cresceram os heróis de infância e por crianças que querem saber como serão um dia”, o que fez dela um “sucesso, que nunca esperamos, embora sabendo que o trabalho bem feito geralmente gera bons resultados”, com a tiragem inicial de 50 mil exemplares quintuplicada após apenas 3 números, com o interesse da Cartoon Network na sua difusão mundial em desenhos animados e inúmeras solicitações para licenciamentos.
Afável, vibra com outros temas como a “nova série de animação computorizada”, o sucesso internacional da revista “Ronaldinho Gaúcho”, a possibilidade de concretizar “em breve dois parques temáticos em shoppings de Lisboa e Porto”, o desejo de ter ”dois dias de calma para criar as bases” duma versão do Homem-Aranha já anunciada ou a possibilidade do seu “Pelezinho se tornar na mascote da selecção brasileira de futebol”.
E, demonstrando uma enorme vitalidade, encontra tempo para “conversar regularmente com os fãs nos fóruns da internet”, de forma a “garantir a interacção com o leitor”, por isso os seus quadradinhos vendem 2 milhões de exemplares mensais no Brasil e são traduzidos em 30 línguas, contrariando os sinais de crise e de dificuldade de renovação de leitores da BD dita popular. Porque, conclui Maurício de Sousa”, “prefiro errar ao tentar fazer algo novo, do que acertar em algo já experimentado”.

António Alfacinha e o Acordo Ortográfico

Estreado em Julho de 2007, na revista “Cebolinha” #7, o “miúdo luso” da Turma da Mónica “tem andado algo fugido”, confessa o seu pai, apesar de aparições fugazes em duas histórias “que ainda não chegaram a Portugal”. Mas promete para breve ”uma história em quadrinhos protagonizada por ele”, bem como um papel fundamental na revista “Turma da Mónica – Saiba Mais #16 – Reforma ortográfica” (que deverá chegar às bancas portuguesas em Junho de 2009), no qual Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e o António Alfacinha dão a “conhecer as mudanças que aproximam todos os países que falam a língua portuguesa”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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