O Reizinho: Monarca mudo nasceu há 75 anos

Há 75 anos, o King Features Syndicate distribuía a primeira prancha dominical com as peripécias de The Little King, que O Primeiro de Janeiro publicou ao longo de muitos anos em Portugal sob o nome de O Reizinho.
Imaginado pelo norte-americano Otto Soglow, nascido em Nova Iorque a 23 de Setembro de 1900, a série duraria até Julho de 1975, ano da morte – a 3 de Abril – do seu criador e único autor ao longo das mais de quatro décadas em que foi publicado. Antes da página dominical que o celebrizou, o Reizinho protagonizara, desde 1930, gags de uma vinheta só no The New Yorker, tendo o seu estilo e humor chamado a atenção do magnata William Randolph Hearst que viria a contratar Soglow para os seus jornais.
De uma enorme simplicidade gráfica, fruto de um traço quase geométrico, com os cenários limitados ao indispensável e servida por cores lisas e agradáveis, esta banda desenhada narrava o quotidiano de um monarca de um país imaginário. Distinguindo-se pela sua barriga proeminente, bigode e pêra imponentes, pelo manto vermelho de gola branca e pela coroa que parecia um cone de gelado invertido, e por um comportamento muitas vezes inesperado ou até infantil, o protagonista foi um dos primeiros e mais famosos heróis mudos dos quadradinhos, não tendo pronunciado uma única palavra ao longo do seu “reinado” – apesar de tal acontecer em algumas traduções… Assim o decidiu Soglow, que limitou o texto escrito a raros cartazes e falas das personagens secundárias que serviam apenas para contextualizar a acção. O despojamento era tal, que nenhum dos protagonistas teve nome. Apesar disso, a série alcançou bastante sucesso, graças ao seu apurado sentido de humor – nem sempre imediato – desenvolvido num registo burlesco, ingénuo e desarmante, e originou inúmeros artigos de merchandising e uma versão em desenho animado.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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