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O rei da polícia montada nasceu há 75 anos

Se ainda fosse vivo, o circunspecto e implacável sargento King da Real Polícia Montada canadiana, que “apanhava sempre o seu homem”, completaria hoje 75 primaveras.
No entanto, a sua existência foi relativamente curta, pois terminaria vinte anos mais tarde, não às mãos de um dos muitos bandidos que enfrentou, mas devido à queda da sua popularidade.
Inicialmente uma adaptação de um romance de Zane Grey, “King of the Royal Mountain” começou a ser distribuído pelo King Features Syndicate nos jornais norte-americanos a 17 de Fevereiro de 1935, como prancha dominical desenhada por Allen Dean, que a 2 de Março de 1936 iniciaria também a tira diária, entregando a prancha dominical a Charles Flanders. A partir de 1939 Jim Gary assumiria integralmente a série.
“King of the Royal Mountain”, que teve quatro adaptações cinematográficas entre 1936 e 1942, era um western atípico, com histórias lineares, que tinham por cenário as inóspitas regiões geladas canadianas, marcadas pelo verde dos pinheiros afilados, o azul das torrentes caudalosas e o branco imaculado da neve que tudo cobria, que contrastavam com o vermelho do uniforme dos membros da polícia montada, por isso celebrizados como “casacas-vermelhas”, e que se distinguiam pelo seu código de honra particular que defendia o recurso à violência apenas em última instância. O protagonista era o sargento King – cujo apelido fez com que a tradução portuguesa o transformasse no Rei da Polícia Montada – a quem nunca se viu um sorriso ou ouviu uma piada, nas suas perseguições a ladrões e assaltantes, durante as quais conheceria Betty Blake, sua eterna noiva, e o seu irmão Kid, que muitas vezes o acompanhou.
A BD regressaria ao território canadiano e à temática dos “casacas-vermelhas” na década de 50, com Red Canyon, recorrentemente, nas aventuras que Tex Willer partilha com Jim Brandon, ou nos anos 1990, de forma mais consistente, nos álbuns da série “Trent”, de Rudolphe e Léo.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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O Reizinho: Monarca mudo nasceu há 75 anos

Há 75 anos, o King Features Syndicate distribuía a primeira prancha dominical com as peripécias de The Little King, que O Primeiro de Janeiro publicou ao longo de muitos anos em Portugal sob o nome de O Reizinho.
Imaginado pelo norte-americano Otto Soglow, nascido em Nova Iorque a 23 de Setembro de 1900, a série duraria até Julho de 1975, ano da morte – a 3 de Abril – do seu criador e único autor ao longo das mais de quatro décadas em que foi publicado. Antes da página dominical que o celebrizou, o Reizinho protagonizara, desde 1930, gags de uma vinheta só no The New Yorker, tendo o seu estilo e humor chamado a atenção do magnata William Randolph Hearst que viria a contratar Soglow para os seus jornais.
De uma enorme simplicidade gráfica, fruto de um traço quase geométrico, com os cenários limitados ao indispensável e servida por cores lisas e agradáveis, esta banda desenhada narrava o quotidiano de um monarca de um país imaginário. Distinguindo-se pela sua barriga proeminente, bigode e pêra imponentes, pelo manto vermelho de gola branca e pela coroa que parecia um cone de gelado invertido, e por um comportamento muitas vezes inesperado ou até infantil, o protagonista foi um dos primeiros e mais famosos heróis mudos dos quadradinhos, não tendo pronunciado uma única palavra ao longo do seu “reinado” – apesar de tal acontecer em algumas traduções… Assim o decidiu Soglow, que limitou o texto escrito a raros cartazes e falas das personagens secundárias que serviam apenas para contextualizar a acção. O despojamento era tal, que nenhum dos protagonistas teve nome. Apesar disso, a série alcançou bastante sucesso, graças ao seu apurado sentido de humor – nem sempre imediato – desenvolvido num registo burlesco, ingénuo e desarmante, e originou inúmeros artigos de merchandising e uma versão em desenho animado.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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