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Wilhelm Busch morreu há 100 anos

Artista alemão foi um dos percursores da banda desenhada; Autores contemporâenos de BD homenageiam criador de Max und Moritz

Há 100 anos, morria Wilhelm Busch, percursor da banda desenhada sem o saber. O termo só nasceria mais de meio século depois e a data da sua invenção (1906) só seria estabelecida em 1989 (com óbvios propósitos mediáticos) por um colégio de especialistas (entre os quais Vasco Granja), reunidos em Lucca, Itália. Isso, no entanto, não o impediu de criar verdadeiras sequências narrativas, desenhadas com traço caricatural, rápido e expresivo, e mesmo de criar dois dos primeiros heróis regulares da 9ª arte, os endiabrados Max e Moritz, em 1865, inspiradores de uma pleiade de duplas de garotos traquinas, como The Katzenjammer Kids (os célebres Sobrinhos do Capitão), juntando-se a um reduzido número de percursores dos quadradinhos, onde se contam, entre outros, o suíço Topfer e o português Bordallo Pinheiro. Max e Moritiz, são verdadeiros diabos à solta, cruéis e desagradáveis, sempre em busca de maldades para fazerem, narradas em sete episódios que constituem um todo e um retrato pela negativa do que deve ser o mundo da infância.
Nascido a 15 de Abril de 1832, em Widensahl, na Alemanha, Busch, que foi também poeta e pintor, fez estudos politécnicos em Hanover, antes de aprender técnicas litográficas em Dusseldorf. Ao mesmo tempo que se interessava pela obra de pintores como Hals, Rubens ou Brouwer, dava também os primeiros passos na caricatura, publicando em 1959, os seus primeros trabalhos nesta arte e também as suas primeiras bandas desenhadas.
Os 175 anos do seu nascimento, em 2007, e o centenário da sua morte deram origem a diversas exposições, nomeadamente no museu que tem o seu nome, em Hanover, e deixam como marco uma emissão filatélica pelos correios alemães com outra das suas personagens, Hans Huckebein, o lançamento de uma moeda de 10 euros, em prata, com a sua efígie, e a edição do livro “Wilhelm Busch und die Folgen” (Wilhelm Busch e os seus continuadores), que mostra a sua importância no imaginário colectivo alemão e em especial nos seus criadores gráficos, que conta com a colaboração dos mais proeminentes autores de banda desenhada germânicos das últimas décadas, como Ralph Koenig, Volker Reiche, Martin Tom Dieck ou Ulf K.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Obra integral de Topffer editada nos Estados Unidos

Herói politicamente incorrecto, foi criado pelo britânico Reg Smithe.

Estátua em tamanho natural de Andy Capp inaugurada recentemente em homenagem ao seu autor.

Um dos mais politicamente incorrectos heróis dos quadradinhos humorísticos festeja hoje meio século de existência, pois foi a 5 de Agosto de 1957 que apareceu pela primeira vez no jornal britânico”Daily Mirror”. Conhecido em Portugal, onde há décadas é publicado pelo “Primeiro de Janeiro”, como o Zé do Boné, tem como nome de baptismo Andy Capp e como principais características a sua paixão pelo futebol (cujos jogos frequentemente abandona expulso ou carregado em maca, por se envolver fisicamente com os outros jogadores), a par do râguebi, columbofilia, bilhar e corridas de cavalos, ser fumador (enquanto o seu autor também o foi) e alcoólico no mais alto grau, para além de mentiroso e um preguiçoso de primeira, cujas mãos só saem do bolso para pegar no copo ou no cigarro. Neste ramalhete não faltam sequer casos de violência doméstica, embora seja ele quem ocasionalmente apanha de Florrie (Flora na versão portuguesa), a sua cara metade, uma trabalhadora esforçada que também gosta bem de beber o seu copito…

Retrato estereotipado dos habitantes do norte de Inglaterra, personagem improvável nos nossos (hipócrito-puritanos) dias, Andy Capp nasceu como cartoon com distribuição regional, passando rapidamente a tira diária e prancha dominical com circulação nacional. Deu o grande salto em 1963, quando passou a ser publicado em jornais norte-americanos, ocorrência pouco frequente na história das tiras diárias de imprensa, tendo chegado, no seu auge, a ser publicado em mais de 1000 jornais de 50 países.

O seu criador foi o britânico Reg(inald) Smithe que nasceu em Hartlepool, onde sempre viveu, a 10 de Julho de 1917. Com uma infância e adolescência sem história, Smithe chegou tarde à banda desenhada, por volta dos 30 anos, após mais de uma década no exército. Andy Capp é a sua única criação digna de registo, embora nos anos 60 tenha lançado uma série infantil, protagonizada por Buster, o filho de Capp, que era uma cópia reduzida do pai. Senhor de um humor cínico e irónico, assentou o seu trabalho em cenários simplificados (quase sempre a casa da Capp, a rua ou o bar que frequenta), numa reduzida galeria de personagens e na exploração do cómico das situações.

Após uma longa luta contra o cancro, Reg Smithe faleceu a 13 de Junho de 1998, vindo a ser substituído em Andy Capp por Roger Mahoney e Roger Kettle cujo nome, no entanto, só começou a aparecer em Novembro de 2004, e que mantiveram a série dentro dos parâmetros narrativos e gráficos estabelecidos por Smithe, distinguido em 1974 com o National Cartoonist Society Humor Comic Strip Award.

Diversas recolhas das tiras de jornal, um musical com Tom Courtenay e uma série televisiva de 6 episódios com James Bolam, sem grande sucesso, marcaram intromissões noutras áreas de Andy Capp, que Hartlepool imortalizou numa estátua em bronze em tamanho natural, inaugurada a 28 de Junho último.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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