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Criador de Michel Vaillant nasceu há 100 anos

Piloto automóvel passou três vezes por território português

Jean Graton nasceu há 100 anos, em Nantes da França. A criação do piloto automóvel Michel Vaillant, tornou-o famoso dentro e fora da banda desenhada.
Estreada em 1957, a série ambienta-se no mundo do desporto automóvel e, embora privilegie a Fórmula 1, o piloto com facilidade passeia o seu virtuosismo ao volante por quase todo o género de corridas: ralis, resistência, stock cars ou karting, sempre com o núcleo familiar em fundo, ou não fosse o seu pai o criador da marca Vaillant e o seu irmão, Jean Pierre, o responsável desportivo da marca.
Aliás, esta envolvente familiar será sempre determinante e implicará até um certo envelhecimento das personagens, já que o próprio Michel, de inicio adolescente, acabará por casar e ter mesmo um filho que, já jovem adulto, partilhará o protagonismo na ‘nova temporada’, a versão actual da série assinada por outros autores, em que as aventuras funcionam num formato próximo do das séries televisivas.
Em 1971, Michel fez a sua primeira visita ao nosso país, no álbum “5 filles dans la course!”, que em português ficou conhecido como “Rali em Portugal” (Bertrand, 1976). Essa participação no então Rali TAP será feita em equipas mistas, uma delas composta por Steve Warson e a portuguesa Cândida Maria de Jesus, surgindo também no álbum, naturalmente Alfredo César Torres, o director da prova. Depois de uma passagem por Macau, então ainda sob administração portuguesa, em “Encontro em Macau” (1983), Michel terminaria o seu périplo por terras lusas um ano mais tarde, em “O Homem de Lisboa”, em que o tom automobilístico geralmente determinante coexiste com uma intriga de espionagem industrial.
Se o realismo das suas histórias, o enorme conhecimento do meio automóvel onde se documentava cuidadosamente e as famosas onomatopeias que davam ‘som’ às corridas em papel são imagens de marca da obra maior de Jean Graton, há nelas uma outra peculariedade incontornável: a comunhão entre os heróis de papel e os grandes nomes do automoblismo mundial, uma vez que Jacky Ickx, muitas vezes em equipa com Michel, Niki Lauda, Ayrton Senna ou Michael Schumacher, bem como o português Pedro Lamy em “A febre de Bercy” (1998), foram muitas vezes participantes directos nas aventuras.
A estreia portuguesa do mais famoso piloto da BD deu-se no “Cavaleiro Andante” n.º 357, a 1 de Novembro de 1958, rebaptizado como Miguel Gusmão, como então era do agrado do Estado Novo. E se quase todas as suas aventuras foram publicadas entre nós, no “Zorro”, “Tintin”, “Mundo de Aventuras” ou “Jornal da BD”, ou em álbum pela Íbis, Bertrand, Meribérica, AutoSport ou ASA, há uma que alimenta os sonhos dos coleccionadores e fãs: “A Honra do samurai” (Íbis, 1969), nunca republicada, o que faz dela uma das mais raras edições nacionais de BD.
Jean Graton faleceu a 21 de Janeiro de 2021, com 97 anos.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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