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Banda desenhada de regresso às bancas

Edições brasileiras da Turma da Mónica, Batman, Homem-Aranha e X-Men animam segmento moribundo; Haverá também edições feitas especialmente para Portugal

Nascida nos jornais – em 1896, com “The Yellow Kid”, de Richard F. Outcault, decidiram especialistas em Luccana, com óbvias intenções mediáticas proporcionadas pelo então próximo centenário – a banda desenhada fez nas revistas grande parte do seu percurso e foi nelas que nasceram, por exemplo, Super-Homem, Batman, Homem-Aranha ou X- Men e também Spirou, Astérix ou Blueberry.

Em Portugal, este segmento de mercado, que ao longo de décadas contou títulos como “O Papagaio”, “O Mosquito”, “Cavaleiro Andante” ou “Mundo de Aventuras”, acompanhando o que acontece no resto da Europa, está em franco declínio e, no último ano e meio, devido ao aumento de títulos da chamada imprensa cor-de-rosa nas bancas e quiosques, que retiraram visibilidade às outras edições, e à crise financeira que fez com que as vendas das revistas de BD baixassem drasticamente, foram sucessivamente canceladas mais de duas dezenas de publicações de histórias aos quadradinhos da Disney, Marvel ou Bonelli, restando, praticamente, apenas os vários títulos de Tex, que a brasileira Mythos distribui em Portugal, e de Witch, as simpáticas bruxinhas da linha Disney para raparigas.

Mas esta situação pode vir a mudar pois, nos últimos dias chegaram aos quiosques portugueses cerca de uma dúzia de títulos da Turma da Mónica, bem como revistas dos heróis da Marvel e da DC Comics (ver caixa). Motivos de regozijo para os fãs do género, que têm inundado os fóruns da especialidade com perguntas, desde que a notícia começou a circular há quase um ano, e que desesperaram perante a passagem das sucessivas datas adiantadas. Para José Carlos Francisco, representante da Mythos em Portugal, esta invasão é benéfica pois “essas revistas vão injectar um novo fôlego no mercado de BD, o que será benéfico para as outras editoras e levará os proprietários dos pontos de venda a olhar para a BD com outros olhos”. Pedro Silva, da loja especializada BDMania e da editora homónima, acreditando “que a procura do material importado não sofrerá grandes alterações”, reconhece que “uma maior oferta e exposição poderão converter ou recuperar leitores”, mas não alimenta “grandes expectativas porque o desconhecimento do mercado português pode levar a que, tão rápida como a invasão, também a fuga se possa dar”.

Como principais vantagens desta “importação”, estão desde logo o preço, cerca de 50 % inferior ao que era praticado nas edições lusas, devido ao papel inferior e aos custos menores no Brasil e ao facto de se tratar de sobras da distribuição no mercado brasileiro, e também a variedade, caso o mercado português corresponda, isto porque todas as edições brasileiras da Panini deste mês (cerca de 20) – que poderão estar em Portugal daqui a 6 meses – vêm marcadas em reais e em euros. A par da questão da língua (ver caixa) o facto de se tratar de sobras aponta as principais desvantagens: estado dos exemplares e oscilação nas quantidades que chegam ao nosso mercado, dependentes que estão das vendas no Brasil.

[Caixa 1]

O que está nas bancas

Turma da Mônica

Revistas novas e almanaques de republicação dos principais heróis (Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão, Chico Bento), bem como edições especiais e de jogos. A grande novidade é “Ronaldinho Gaúcho”, com histórias protagonizadas pelo craque do Barcelona em miúdo.

Marvel

As séries regulares de Homem-Aranha e X-Men (cuja distribuição em Portugal começa no #60 da edição brasileira) e dos Novos Vingadores (#35). “Civil War” chegará em Dezembro.

DC Comics

“Batman Ano 100”, uma história de Paul Pope em dois volumes, passada 100 anos após o nascimento do herói, e “Crise Infinita”, mini-série em 7 números, que revolucionou e transformou para sempre o universo onde actuam Batman e Super-Homem, cujas edições regulares estarão cá no final do ano.

[Caixa 2]

Português ou brasileiro?

Num tempo em que o mais importante são “as ideias” e não os erros ortográficos ou a construção frásica, o facto destas revistas virem em “brasileiro” não deverá levantar grande celeuma, mas a verdade é que não deixa de ser um retrocesso em relação ao passado recente, no que diz respeito às edições de super-heróis que a Devir publicou em português durante quase 7 anos, devendo agora “soar” estranho o Homem-Aranha, Wolverine ou Batman a falarem com sotaque de novela brasileira.

Relativamente à Turma da Mônica, o sotaque aceita-se com naturalidade, por ser a língua original das criações de Maurício de Sousa, que chegou a essa mesma conclusão através de uma mini-sondagem que fez aos seus leitores durante a sua passagem pelo Festival de BD da Amadora, em 2006.

No entanto, a chegada da Panini a Portugal, no que à BD diz respeito, ficará também marcada por algumas edições feitas especialmente para o nosso país. Traduzida e balonada aqui e impressa em Itália, a colecção “Marvel 100%” destina-se a livrarias, terá 144 páginas e custará 12,00 €. “Quarteto Fantástico: O Fim”, já no próximo mês, “Marvel Knights Homem-Aranha: No Reino dos Mortos” e “Eternals”, serão os primeiros volumes.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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