300: A História segundo Frank Miller

Embora (re)conte a célebre batalha das Termópilas, na qual 300 espartanos resistiram até à morte a milhares de persas, “300” (edição em português da Norma) está longe de uma abordagem histórica rigorosa, preferindo Frank Miller (um génio dos quadradinhos responsável por obras incontornáveis como “Batman: O regresso do Cavaleiro das Trevas”, “Daredevil: Born Again” ou “Sin City”), ao bom estilo americano (não é difícil ver aqui os espartanos quase como super-heróis, em defesa de valores como a honra, o orgulho e o dever), transformar este combate num confronto entre a democracia (musculada de Esparta) e a tirania (escravizadora da monarquia persa), fazendo dela, assim, um grandioso épico.
E para lhe dar também graficamente essa dimensão, Miller optou pelo formato italiano (deitado), com muitas das pranchas duplas a funcionarem como uma só, proporcionando uma visão panorâmica (com muito de cinematográfico, evocadora dos filmes em 70 mm), integrante de uma planificação arrojada e hiper-dinâmica, com utilização alternada de picados, contra-picados, grandes planos e visões de conjunto, muitas vezes parecendo ter uma câmara a voltear loucamente pelo cenário, que conferem à narrativa um rimo alucinante, que só o texto faz pausar, quando necessário, num todo acentuado pelas cores de Lynn Varley, colorista e mulher de Miller, tão importantes na obra que a levam a ser creditada na capa com o mesmo destaque que ele.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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