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Português Desenha Biografia de Angelina Jolie

Têm sido recorrentes notícias sobre bandas desenhadas de autores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições cá. 2011 promete ser diferente: alguns desses projectos terão dimensão e visibilidade nunca atingidas.

Cronologicamente, a primeira – e, possivelmente, a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 – será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre. Estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions.

A 2 de Fevereiro, será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, mini-série de quatro números que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto, o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.

Consolidação autoral

Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves desenha o seu primeiro comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos volta a Wolverine, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.

Quanto ao terceiro projecto citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD com o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Canvia. Esta mesma dupla deverá regressar em Março, com “Apocalipse”, para enfrentar o fim dos tempos, como descrito na Bíblia.

Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em Português – “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010) -, verão os segundos tomos editados no próximo ano.

Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhado por Osvaldo Medina, que recupera, anos mais tarde, as personagens de “C.A.O.S.”. Quanto a “O baile”, é uma história de Nuno Duarte (das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) passada em 1967 e protagonizada por um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país, estando o desenho a cargo de Joana Afonso. Finalmente, “O Pequeno Deus Cego” é uma narrativa alegórica de David Soares, negra, violenta e poética, desenhada por Pedro Serpa.

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300: A História segundo Frank Miller

Embora (re)conte a célebre batalha das Termópilas, na qual 300 espartanos resistiram até à morte a milhares de persas, “300” (edição em português da Norma) está longe de uma abordagem histórica rigorosa, preferindo Frank Miller (um génio dos quadradinhos responsável por obras incontornáveis como “Batman: O regresso do Cavaleiro das Trevas”, “Daredevil: Born Again” ou “Sin City”), ao bom estilo americano (não é difícil ver aqui os espartanos quase como super-heróis, em defesa de valores como a honra, o orgulho e o dever), transformar este combate num confronto entre a democracia (musculada de Esparta) e a tirania (escravizadora da monarquia persa), fazendo dela, assim, um grandioso épico.
E para lhe dar também graficamente essa dimensão, Miller optou pelo formato italiano (deitado), com muitas das pranchas duplas a funcionarem como uma só, proporcionando uma visão panorâmica (com muito de cinematográfico, evocadora dos filmes em 70 mm), integrante de uma planificação arrojada e hiper-dinâmica, com utilização alternada de picados, contra-picados, grandes planos e visões de conjunto, muitas vezes parecendo ter uma câmara a voltear loucamente pelo cenário, que conferem à narrativa um rimo alucinante, que só o texto faz pausar, quando necessário, num todo acentuado pelas cores de Lynn Varley, colorista e mulher de Miller, tão importantes na obra que a levam a ser creditada na capa com o mesmo destaque que ele.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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