As conspirações no seio da Igreja Católica e as (muitas) dúvidas sobre a veracidade de alguns dogmas sobre os quais assenta, não sendo um tema novo, está na moda, embora a BD já o explorasse antes do fenómeno Dan Brown.
Esta é também a temática da série “O Escorpião”, ambientada no século XVIII, que narra a procura da verdadeira cruz de Pedro, para desmascarar o Cardeal Trebaldi, auto-assumido ateu, recém-eleito Papa com o objectivo de se servir da muito poderosa organização católica, refundando-a à imagem dos seus interesses.
Para além dos seus sequazes, a busca envolve um aventureiro conhecido como Escorpião, filho ilegítimo do anterior Papa e que vive na fronteira da lei, e as belas – mas perigosas – Ansea e Méjai, e está na origem de movimentadas narrativas, em que a veracidade histórica e ficção se confundem, plenas de acção e dinamismo, com muitas armadilhas, traições, surpresas, intriga e mistério, que mostram o melhor da BD de aventuras franco-belga.
O traço realista ágil, fluído e expressivo e a planificação cinematográfica de Marini servem na perfeição o guião de Desberg que demonstra toda a sua mestria em “O vale sagrado”, de ritmo intenso, com diversos volte-faces e cuja leitura prende e entusiasma, mesmo que não passe de um interlúdio, pois, no final, nada se adiantou à história base, e os protagonistas estão numa situação tão crítica como no início…
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias