Mortadelo y Filémon: meio século de disparates

Francisco Ibañez, o seu criador, quer que as suas aventuras continuem quando desaparecer; “Misión: salvar la tierra”, segundo filme de imagem real estreia este ano

Quando se fala de banda desenhada popular (sem que este adjectivo seja depreciativo), diversos nomes surgem de imediato: os heróis Disney, nos EUA, a Turma da Mônica no Brasil, os fumetti Bonelli, com Tex à cabeça, na Itália… e Mortadelo y Filémon, aqui ao lado, na vizinha Espanha.
Estes últimos completam hoje 50 anos – estrearam-se a 20 de Janeiro de 1958, na revista Pulgarcito #1394, da editora Bruguera – sendo uma criação de Francisco Ibañez. Os dois protagonistas, baptizados em Portugal de Mortadela e Salamão (onde foram editados dezena e meia de álbuns, o último dos quais, “Estrelas de Cinema” (2005), pela ASA), respectivamente (in)subordinado e chefe, são uma espécie de agentes secretos e primam pela falta de discrição e de jeito, transformando cada missão num fracasso completo e num caos total. Da galeria das principais personagens fazem também parte o Super, superior hierárquico dos heróis, Ofélia, a sua (muito) gorda secretária, e o professor Bactério, inventor dos mais extravagantes apetrechos.
A série assenta num humor desbragado, quase sem limites nem temas tabus, e num ritmo infernal, onde os gags se sucedem a alta velocidade, sem um único momento de pausa que permita ao leitor respirar o fôlego. Ao mesmo tempo, Ibañez tira todo o partido do seu traço arredondado e extremamente expressivo, com as personagens (em especial Salamão, vítima constante da inépcia de Mortadelo) a ficarem momentaneamente com o corpo deformado, queimado ou quase estropiado, devido aos violentos acidentes – explosões, queda de objectos, portas que se abrem, etc. – que vão sofrendo, como é mais vulgar ver nos desenhos animados. Outra marca da série são as constantes mutações de Salamão, capaz de instantaneamente vestir um disfarce que sirva a sua missão, ou de aparecer transformado em animal, revelando assim o seu estado de espírito, ou até em objecto.
Para além de Mortadelo y Filémon, Ibañez, que nasceu a 16 de Março de 1936, em Barcelona, e espera que alguém prossiga com as suas criações quando desaparecer, criou outros sucessos, que originaram um verdadeiro império de “historietas” (BD espanhola) de humor, como “13, Rue del Percebe”, “El botones Sacarino”, “Rompetechos” ou “Pepe Gotera y Otilio”, sendo normal a interacção entre os protagonistas de todas elas.
Para assinalar os 50 anos da dupla, as Ediciones B editaram “El Gran Livro de Mortadelo y Filémon”, que resume a história de sucesso da série, traduzida também na Dinamarca, Alemanha, Brasil ou Turquia, os seus primeiros passos, as aventuras mais significativas, anedotas, curiosidades, as diversas adaptações em cinema de animação e os filmes de imagem real, HYPERLINK “http://www.mortadeloyfilemon.com/pelicula/” “La gran aventura de Mortadelo y Filemón” (2003) e “Misión: salvar la tierra” (a estrear este ano).


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem