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Elizabeth Taylor nos Quadradinhos

Diva do cinema, Elizabeth Taylor teve passagem fugaz pela banda desenhada, incluindo uma biografia na colecção “Mujeres Celebres”, embora tenha ficado imortalizada como uma das mais conhecidas personagens femininas de Astérix, a rainha Cleópatra, a quem serviu – involuntariamente – de modelo. Aliás, mais tarde, Goscinny et Uderzo revelaram que a ideia para o livro, cuja capa original de 1965 é decalcada do cartaz do filme de Mankiewicz, surgiu exactamente após o visionamento da película, durante o qual se fartaram de rir. De Elizabeth Taylor, a Cleópatra de Astérix não herdou apenas o visual (incluindo “o nariz muito bonito”!), mas também os modos da actriz.

O sucesso da Cleópatra do celulóide deu origem a uma adaptação do filme aos quadradinhos, feita na Argentina por autores desconhecidos, e a colagens ao tema mais ou menos evidentes, nos meses seguintes, em histórias aos quadradinhos como “Archie’s girl Betty and Veronica”, “Iron man”, “Superman” ou “Wonder Woman”.

Curiosamente, seria na BD que Elizabeth Taylor, casada sete vezes, encontraria o homem dos seus sonhos, Herbie Popnecker, uma criação de Shane O’Shea e Ogden Whitney, em 1958, que foi estrela da revista “Forbidden Worlds”. Feio, baixo e gordo, Herbie, que podia voar, tornar-se invisível ou falar com animais, entre muitos outros poderes que obtinha lambendo um chupa-chupa mágico, conquistou o coração da actriz na edição #116, mas deixou-a a suspirar, como ela fez a muitos homens ao longo da vida.

Elizabeth Taylor
Vogue France.

Mortadelo y Filémon: meio século de disparates

Francisco Ibañez, o seu criador, quer que as suas aventuras continuem quando desaparecer; “Misión: salvar la tierra”, segundo filme de imagem real estreia este ano

Quando se fala de banda desenhada popular (sem que este adjectivo seja depreciativo), diversos nomes surgem de imediato: os heróis Disney, nos EUA, a Turma da Mônica no Brasil, os fumetti Bonelli, com Tex à cabeça, na Itália… e Mortadelo y Filémon, aqui ao lado, na vizinha Espanha.
Estes últimos completam hoje 50 anos – estrearam-se a 20 de Janeiro de 1958, na revista Pulgarcito #1394, da editora Bruguera – sendo uma criação de Francisco Ibañez. Os dois protagonistas, baptizados em Portugal de Mortadela e Salamão (onde foram editados dezena e meia de álbuns, o último dos quais, “Estrelas de Cinema” (2005), pela ASA), respectivamente (in)subordinado e chefe, são uma espécie de agentes secretos e primam pela falta de discrição e de jeito, transformando cada missão num fracasso completo e num caos total. Da galeria das principais personagens fazem também parte o Super, superior hierárquico dos heróis, Ofélia, a sua (muito) gorda secretária, e o professor Bactério, inventor dos mais extravagantes apetrechos.
A série assenta num humor desbragado, quase sem limites nem temas tabus, e num ritmo infernal, onde os gags se sucedem a alta velocidade, sem um único momento de pausa que permita ao leitor respirar o fôlego. Ao mesmo tempo, Ibañez tira todo o partido do seu traço arredondado e extremamente expressivo, com as personagens (em especial Salamão, vítima constante da inépcia de Mortadelo) a ficarem momentaneamente com o corpo deformado, queimado ou quase estropiado, devido aos violentos acidentes – explosões, queda de objectos, portas que se abrem, etc. – que vão sofrendo, como é mais vulgar ver nos desenhos animados. Outra marca da série são as constantes mutações de Salamão, capaz de instantaneamente vestir um disfarce que sirva a sua missão, ou de aparecer transformado em animal, revelando assim o seu estado de espírito, ou até em objecto.
Para além de Mortadelo y Filémon, Ibañez, que nasceu a 16 de Março de 1936, em Barcelona, e espera que alguém prossiga com as suas criações quando desaparecer, criou outros sucessos, que originaram um verdadeiro império de “historietas” (BD espanhola) de humor, como “13, Rue del Percebe”, “El botones Sacarino”, “Rompetechos” ou “Pepe Gotera y Otilio”, sendo normal a interacção entre os protagonistas de todas elas.
Para assinalar os 50 anos da dupla, as Ediciones B editaram “El Gran Livro de Mortadelo y Filémon”, que resume a história de sucesso da série, traduzida também na Dinamarca, Alemanha, Brasil ou Turquia, os seus primeiros passos, as aventuras mais significativas, anedotas, curiosidades, as diversas adaptações em cinema de animação e os filmes de imagem real, HYPERLINK “http://www.mortadeloyfilemon.com/pelicula/” “La gran aventura de Mortadelo y Filemón” (2003) e “Misión: salvar la tierra” (a estrear este ano).


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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