Ao ouvir o termo Caran d’Ache, a maioria certamente associa-o aos vulgares lápis de cor suíços, ignorando que a designação se deve ao pseudónimo de Emmanuel Poiré, génio da ilustração nascido há 150 anos.
Foi em Moscovo, onde o seu avô ficou após a retirada das tropas napoleónicas, a 6 de Novembro de 1858, que nasceu Emmanuel Poiré, que viria a tornar-se famoso sob o pseudónimo de Caran d’Ache, criado a partir da palavra russa “karadash” (lápis) proveniente no termo turca “kara dash” (pedra negra). Foi com ele que, a partir de 1880, assinou em diversos jornais (alguns editados por si), com traço expressivo e pormenorizado, inúmeros desenhos humorísticos e caricaturas que o tornaram um dos mais apreciados artistas gráficos do seu tempo. Entre eles é especialmente famoso o seu “Diner de famille” (1898), que ilustrava a profunda divisão que o Caso Dreyfus provocou na sociedade francesa, bem como a série dedicada ao tema militar que ele bem conhecia, por ter ingressado no exército francês para adquirir esta nacionalidade.
Poiré foi também um dos precursores da banda desenhada, tendo publicado a sua primeira sequência gráfica narrativa (“Histoire de Marlborough“) em 1885. Nove anos depois, propunha ao jornal “Le Fígaro” a realização de um “romance desenhado”, mudo, “para ser acessível a todos” intitulado “Maestro”. A sua carta ficaria sem resposta, o que o impediu de concretizar, quase um século antes, um dos géneros aos quadradinhos mais em voga nos nossos dias. Até nós chegaram 120 páginas dessa obra, impressas em 1999, pelo Centro Nacional de Banda Desenhada e da Imagem, de Angoulême, tendo sido descobertos, dois anos depois, quatro cadernos com desenhos preparatórios, planificações das pranchas e a sinopse da história, que permitiram conhecer a técnica que o autor utilizava.
Caran D’Ache faleceu em Paris, a 26 de Fevereiro de 1909.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias