Harvey Pekar, foi encontrado morto pela sua mulher, Joyce Brabner, no chão da sua casa, em Cleveland, no Ohio. Possivelmente vítima de cancro da próstata, embora também sofresse de hipertensão e de graves crises de depressão.
Nascido a 8 de Outubro de 1939, era o escritor de “American Splendor”, uma banda desenhada marginal auto-biográfica, em que mostrou, de forma nua, crua e pessimista, o pior do “esplendor americano”, baseado no seu quotidiano desinteressante e vulgar de arquivista de um hospital porque, como costumava dizer, “se me aconteceu o mundo tem que saber”. Para a desenhar, a par de nomes menos sonantes, conseguiu o contributo de autores famosos como Robert Crumb ou Joe Sacco, fazendo deste comic, auto-editado a partir de 1976, numa obra de referência, que originou mesmo um filme homónimo independente – no qual também aparece – que alcançou um assinalável sucesso.
E porque “qualquer coisa que não me mate pode ser a base para uma das minhas histórias”, até um cancro que o acometeu em 1990 deu origem a um romance gráfico – “Our cancer year” (1994) – em que relata a sua luta contra a doença e como a realização da BD o ajudou a sobreviver-lhe e fortaleceu os seus laços conjugais.
Crítico literário, especialista de jazz, durante algum tempo presença regular no popular talkshow televisivo “Late Night with David Letterman”, apesar da doença Pekar mantinha-se activo e em Setembro de 2009 tinha criado um projecto inovador na Internet, juntamente com outros artistas, intitulado “The Pekar Project”, que combinava textos e bandas desenhadas de cariz autobiográficos, que agora funcionará como memorial.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias