Sessenta e quatro pranchas inéditas de Hugo Pratt foram encontradas, treze anos após a sua morte, a 20 de Agosto de 1995. Trata-se de uma versão inacabada de “Sandokan”, o grande clássico de aventuras escrito por Emílio Salgari (1862-1911) no final do século XIX, que narra a luta contra a tirania (um tema caro a Pratt), no caso britânica, de Sandokan, um príncipe malaio, secundado pela bela Mariana e pelo português Yanez de Gomera.
Com texto de Milo Milani, estas pranchas, datadas de 1971, pertencem a duas histórias incompletas – “Tigri di Monpracem” e “La riconquista di Mompracem” – , originalmente destinadas a serem publicadas semanalmente no “Corriere dei Piccoli”, o suplemento infantil do “Corriere della Sera”. Acontece que Pratt se atrasou na sua entrega, acabando mesmo por não as concluir, pelo que nunca foram publicadas, revelou Alfredo Castelli, o responsável pela descoberta. Especialista em banda desenhada e também autor (enquanto criador e argumentista de “Martin Mystère”), Castelli encontrou-as há cerca de um ano, em condições que só revelará no prefácio que vai escrever para a edição italiana da Rizzoli Lizard, prevista para Maio próximo. No Outono, terá lugar a edição francesa da Casterman.
A única prancha até agora revelada, composta por apenas duas tiras, desenhadas com o traço a preto e branco característico de Pratt, mostra Mompracem como uma pequena ilha fustigada pelo mar e pelo vento, vendo-se, na última vinheta, o jovem Sandokan, de cara limpa, sem as barbas que Kabir Bedi celebrizou na versão televisiva, sentado numa cadeira de vime numa pose que Corto Maltese, a grande criação de Pratt, haveria de imitar.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias