Amadora BD vai a meio: Centenas de originais e concorridas sessões de autógrafos

O Amadora BD 2009 cumpriu ontem o seu segundo fim-de-semana, o que já permite um balanço, positivo mas com aspectos a corrigir, da edição em que se cumprem 20 anos da grande festa nacional dos quadradinhos.
Desde logo, é notório que a efeméride não teve a pompa que o passado do festival justificava, faltando-lhe, principalmente, (mais) um ou outro nome sonante. O que não invalida a qualidade da programação nem um dos grandes méritos do evento, as centenas de originais expostos, alguns enquadrados por apelativas cenografias, como as exposições de Rui Lacas (autor da conseguida linha gráfica do evento), Giorgio Fratini, António Jorge Gonçalves ou Osvaldo Medina. Ou os que valem só por si, como os belíssimos desenhos de Emannuel Lepage ou a mostra de BD polaca, a surpresa deste ano pela diversidade e riqueza gráfica.
Neste contexto, pela negativa, surge a mostra mais mediática do festival, que percorre meio século de carreira de Maurício de Sousa, homenageado com o Troféu de Honra dos 20 anos, “perdida” nos fundos do piso inferior e onde os muitos originais, dos primórdios até ao beijo da Mônica e do Cebolinha na Turma da Mónica Jovem, mereciam um melhor enquadramento cénico, pese embora a presença de um gigantesco coelh(inh)o Sansão, e que a sua especificidade até facilitava. Por si só, justificava-o a popularidade do pai da Mónica, revelada, no sábado, pela fã que se desfez em lágrimas perante o abraço do homem que há 10 anos lhe enviou uma revista autografada em resposta a uma carta ou pelo facto de a fila de autógrafos para o autor ter sido fechada antes ainda de ele chegar ao recinto! Filas bem grandes tiveram também Boucq e Achdé, este mesmo sem a organização ter feito qualquer alusão ao facto de ele ser o actual desenhador de Lucky Luke, o que aponta outro aspecto a rever: a ausência de informações relevantes sobre os convidados.
Outra nota negativa vai para a arquitectura da zona comercial, com algumas bancas minúsculas e outras interiores e com pouca visibilidade, num menosprezo de um factor importante porque se os originais de BD são belos e atractivos, esta arte é antes de tudo para fruir através da leitura da obra impressa. E nisso, o Amadora BD continua a afirmar-se como data de eleição para o lançamento ou divulgação de obras nacionais, como “Mucha” (Kingpin Books), de David Soares e Osvaldo Medina, “Asteroid Fighters”, de Rui Lacas, “Israel Sketchbook”, de Ricardo Cabral, “BRK” (todos da ASA), de Filipe Andrade e Filipe Pina, ou “Bang Bang Ultimate #1” (Pedranocharco), de Hugo Teixeira, ilustrativas da diversidade de propostas da nossa BD e cujos autores também provocam concorridas sessões de autógrafos.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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