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Homem-Aranha chora morte de John Romita Sr.

Artista norte-americano desenhou o super-herói da Marvel durante décadas

Natural de Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde nasceu a 24 de Janeiro de 1930, John V. Romita Senior faleceu na passada madrugada, durante o sono, contava 93 anos. Tem reservado um lugar no paraíso dos autores de banda desenhada, graças especialmente ao seu trabalho no Homem-Aranha, que desenhou durante mais de 30 anos.
Formado na School of Industrial Art, de Manhattan, em 1947, foi influenciado por artistas como Noel Sickles, Roy Crane, Milton Caniff ou Carmine Infantino. Cinco anos depois casou com Virginia Hopkins, com quem teve dois filhos, Victor Romita e John Romita Jr., este último também autor de BD, tendo desenhado muitos dos grandes super-heróis da Marvel, incluindo o Homem-Aranha, e também a série “Kick Ass”.
John Romita entrou na banda desenhada em 1949, através da editora Atlas, para quem desenhou histórias de terror, românticas e westerns, bem como algumas aventuras do Capitão América, a partir de 1954.
Quando a Atlas cessou a actividade, em 1957, Romita mudou-se para a DC Comics, a casa do Batman e Super-Homem, onde durante oito anos ilustrou relatos românticos.
Em 1965 entrou para a Marvel, desenhando histórias dos Vingadores e do Demolidor. A sua prestação num episódio deste último, em que o super-herói cego contracenava com o Homem-Aranha levou-o a ser convidado para se ocupar da revista deste último, começando aí um percurso notável, que se estenderia por cerca de três décadas e que levaria o aracnídeo a tornar-se na personagem mais popular da Casa das Ideias.
Foi durante o seu consulado como desenhador de “The Amazing Spider-Man” que durgiram personagens marcantes como Mary Jane Watson, o Rino ou o Rei do Crime e que nasceu e morreu Gwen Stacy, a primeira grande paixão de Peter Parker, num relato que chocou os leitores da época por descobrirem que as personagens de primeiro plano também eram humanas e podiam morrer.
Com um grafismo aparentemente simples, mas sólido e elegante, dinâmico, tecnicamente perfeito e de grande eficácia narrativa, John Romita Sr. conseguiu tornar o ‘seu’ Homem-Aranha mais conhecido e celebrado do que o do seu criador, Steve Ditko, fazendo dele o campeão de vendas da Marvel, superando o Quarteto Fantástico e transformando-a na imagem de marca da editora.
Romita foi co-criador de diversas outras personagens como Wolverine, Justiceiro ou Mercenário e, em paralelo, foi também director artístico da Marvel e responsável pela criação dos “Romita’s Raiders”, uma equipa responsável pelos retoques gráficos de última hora nas pranchas, antes delas seguirem para impressão.
Em 1996, entrou num regime de semi-aposentação, embora tenha continuado a trabalhar pontualmente com a Marvel e por vezes também com a rival DC.
Muitas das suas obras foram publicadas em português ao longo dos anos, incluindo as suas primeiras prestações nas páginas do Capitão América, Demolidor e Homem-Aranha.


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F. Cleto e Pina

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Dois diabretes octogenários

Se é normal associarmos o nome de Hergé a Tintin, a sua obra maior e uma das bandas desenhadas mais celebradas de sempre, o autor criou outros heróis, entre os quais Quick e Flupke, que há exactamente 80 anos eram vistos pela primeira vez em papel impresso.

Tratava-se de dois pequenotes de Bruxelas – revisão ficcionada da própria infância de Hergé – juntos pela amizade, pela vontade de experimentar coisas novas e pela especial queda para provocar (pequenos) desastres.

A estreia ocorreu no “Le petit Vingtiéme” de 23 de Janeiro de 1930, pouco mais de um ano depois de Tintin, e as diferenças entre as duas criações eram significativas. Enquanto o repórter era (viria a ser…) longas aventuras, viagens, exotismo, justiça e ordem, Quick e Flupke não saíam da sua Bruxelas natal e viviam um quotidiano igual ao dos outros miúdos mas suas partidas provocavam o caos e desesperavam o Guarda 15, vítima recorrente das diabruras em duas pranchas. O humor em Quick e Flupke, mais tarde decalcado em Tintin para os gags com Haddock ou Tournesol, raia muitas vezes o nonsense, pode ter conteúdos sociais ou politizados (como quando satirizam Hitler e Mussolini), representa-os como diabos (literalmente) e levava-os mesmo a chocar com os limites físicos das vinhetas ou a interagir com o desenhador. E se o traço é o mesmo de Tintin, sente-se uma maior liberdade criativa e o privilegiar da eficácia estética e narrativa.

Com cerca de 250 pranchas publicadas (de forma irregular) durante uma década, Quick e Flupke tiveram uma nova vida nos anos 80, em versão animada e em álbuns redesenhados e coloridos pelos Estúdios Hergé, a partir das histórias originais. Esta última edição foi lançada em Portugal pela Verbo, com os heróis rebaptizados como Quim e Filipe.


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F. Cleto e Pina

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A sensual Betty Boop estreou-se na BD há 75 anos

Frágil, elegante, olhos grandes, boquinha pequena, a formar beicinho, pernas bem torneadas, medidas exactas, ombros e pernas nuas, liga na perna esquerda, voz suave em que pronunciou vezes sem conta o famoso “boop-oop-a-doop”… Esta é a imagem de marca de Betty Boop que, se hoje pouco mais provoca do que um sorriso, quando chegou à BD, a 23 de Julho de 1934, em tiras diárias da autoria de Bud Couniham, possivelmente fez sonhar mais do que um leitor.
Esse foi, no entanto, o segundo nascimento da sensual pin-up dos anos 30, inspirada no visual da cantora Helen Kane, já que a sua estreia acontecera a 9 de Agosto de 1930, em versão animada, num filme intitulado “Dizzy Dishes”, da autoria de Grim Natwick e Max Fleisher. O que poucos sabem é que então era uma… cadela (literalmente!), fazendo parceria com o cãozinho Bimbo, numa tentativa de emular o sucesso crescente e imparável do par Mickey e Minnie Mouse. Como a ideia não teve sucesso, a evolução para figura humana surgiu como alternativa, em filmes ambientados no meio cinematográfico, bem explícitos quanto ao tema sexo, com a cantora e actriz a usar vestidos bem curtos e, por vezes, até transparentes. Depois de uma parceria com Popeye, em 1933, a entrada em vigor do Hays Act, uma lei censória que veio regulamentar e “limpar” o cinema e os quadradinhos, obrigou a despojar Betty Boop do carácter provocador e provocante que a distinguia, tornando-lhe a vida breve nos quadradinhos, marcados por um humor ingénuo. A tira diária terminou logo em Março de 1935 e as pranchas dominicais, iniciadas em Dezembro de 1934, resistiram apenas até Novembro de 1937. Nos anos 80, ensaiou novo regresso à BD, em parceria com o (em tempos também) popular Felix the Cat, mas a experiência terminaria ao fim de quatro anos.
Hoje, quando muitos ignoram as suas origens desenhadas, esta septuagenária que hoje cumpre as suas Bodas de Ouro na BD, não é mais do que uma popular referência retro, usada e abusada em merchandising.


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F. Cleto e Pina

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