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Léonard sem ideias e Robin Dubois sem assaltos: faleceu Bob De Groot

Bob De Groot faleceu ontem, contava 82 anos. O génio Léonard vai ficar sem ideias e Robim da Mata vai deixar de assaltar os ricos e de fazer a vida negra ao xerife de Notthigham.
Nascido em Bruxelas, a 26 de Outubro de 1941, apesar de ter feito carreira como argumentista, até começou por ser desenhador, depois de ter frequentado durante três anos uma academia de artes. Uma mini-Bd na revista “Spirou” marcou a sua estreia nesta arte, tendo depois integrado o estúdio de Maurice Tillieux. Em 1967, entra para a equipa da “Pilote, onde assinará diversas histórias curtas, com Hubuc, Reiser ou Fred.
Seria no entanto o encontro com Philippe Liégeois, mais conhecido como Turk, que iria mudar a sua carreira. Partilhando com ele o gosto pelo absurdo e pela animação de Tex Avery, desenvolveram uma longa parceria onde se destacam “Archiméde”, “Robin Dubois”, versão caricatural do salteador que roubava os ricos para dar aos pobres ou o inventor “Léonard”, génio incompreendido da Idade Média.
Bob De Groot também emprestou a sua escrita a diversos heróis de sucesso, como Clifton, Chlorophylle, Modeste e Pompon, Rantanplan e, principalmente, “Lucky Luke”, de que escreveu os episódios “O bandido maneta”, ainda desenhado por Morris, “Marcel Dalton” e “O artista pintor”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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Léonard sem ideias e Robin Dubois sem assaltos: faleceu Bob De Groot

Bob De Groot faleceu ontem, contava 82 anos. O génio Léonard vai ficar sem ideias e Robin Dubois (Robim da Mata na versão portuguesa da “Tintin”) vai deixar de assaltar os ricos e de fazer a vida negra a Fritz Alwill, xerife de Notthigham.
Nascido Robert De Groot, em Bruxelas, a 26 de Outubro de 1941, apesar de ter feito carreira como argumentista, começou como desenhador, depois de ter frequentado durante três anos uma academia de artes. Uma mini-Bd na revista “Spirou” marcou a sua estreia nesta arte, depois de integrar o estúdio de Maurice Tillieux, para quem trabalhou em dezenas de pranchas de “Félix”. Nos anos seguintes publica em diversas publicações e, em 1967, entra para a equipa da “Pilote”, onde assinará diversas histórias curtas, com Hubuc, Reiser ou Fred.
Seria no entanto o encontro com Philippe Liégeois, mais conhecido como Turk, que iria mudar a sua carreira. Partilhando com ele o gosto pelo absurdo e pela animação de Tex Avery, desenvolveram uma longa parceria onde se destacam “Archiméde” (na “Spirou”), “Robin Dubois” (“Tintin”), versão caricatural do salteador que roubava os ricos para dar aos pobres, ou o inventor “Léonard” (“Achille Talon Magazine), génio incompreendido da Idade Média.
Para além destas criações próprias, Bob De Groot também emprestou a sua escrita a diversos heróis de sucesso que marcaram a época de ouro da revista “Tintin”, como o detective Clifton, Chlorophylle, Modeste e Pompon e, principalmente, “Lucky Luke”, de que escreveu os episódios “O bandido maneta”, ainda desenhado por Morris, “Marcel Dalton” e “O artista pintor”. Seriam também da sua autoria diversos álbuns de Rantanplan.
Presença regular na versão portuguesa da revista “Tintin”, Bob De Groot viu editados em Portugal os álbuns de Lucky Luke que escreveu, bem como alguns de Rantanplan e Léonard.
Embora mais conhecido pelas suas criações humorísticas, De Groot também tem na sua bibliografia obras realistas, como “Des Villes et des Hommes”, com arte de Francq, e “Sam Grifith”, com André Taymans e Jean-François di Giorgio.
Recentemente, integrado na comemoração dos seus 77 anos, a editora Lombard editou um projecto que De Groot e Turk criaram em 1987 quando, durante um ano, publicaram semanalmente uma imagem da mesma rua na revista “Tintin”, formando, no final, um fresco de 15 metros de extensão, batizado como “La Plus Grande Image du Monde”.
Bob De Groot, que tinha abandonado a escrita em 2015, para se dedicar à família, será relembrado como um argumentista que dispôs bem sucessivas gerações de leitores.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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Capitão América

Nascido há 70 anos, super-herói encarna valores americanos

Datada de Março de 1941, a “Captain America Comics” marcou a estreia do super-herói que lhe dava título, criado por Joe Simon e Jack Kirby, destinado a auxiliar o seu país contra os nazis na II Guerra Mundial.

Com o domínio das forças do eixo a alastrar na Europa e no Norte de África e os Estados Unidos a começarem os preparativos para entrarem na guerra, nada mais natural do que criar um herói que servisse de modelo e incentivasse os jovens a participarem nela.
Papel que o Capitão América, sem super-poderes nem artefactos tecnológicos, dependendo apenas da inteligência, da força física e da coragem, assumiu na perfeição, até porque, fora do uniforme, era Steve Rogers, numa primeira fase dispensado do exército por inaptidão física. A mudança deu-se quando serviu de cobaia de um soro especial, numa experiência que visava criar super-soldados que permitissem aos EUA sair vitoriosos do combate que se avizinhava.
Para apelar ao patriotismo, vestia as cores da bandeira e tinha como única arma um escudo, que era triangular na revista de estreia, mas passou a redondo a partir do nº2, para evitar confusões (e um processo judicial) com The Shield, surgido semanas antes.
O sucesso foi imediato e a revista, apesar do tom ingénuo (que hoje reconhecemos nas suas histórias), teve vendas acima do milhão de exemplares – então mais do que a “Times”… -, que se mantiveram mesmo após a saída da dupla de criadores no décimo número.
Ao lado do Capitão América, estava o adolescente Bucky e Betty Ross, agente do governo e sua grande paixão. Mais tarde, surgiriam o Falcão, Nick Fury e os Vingadores, como seus aliados nos combates pela justiça e liberdade.
No contexto original, começou por combater os espiões que tentavam sabotar o esforço de guerra americano, o que não impediu o “sentinela da liberdade“, logo no segundo tomo, de ir à Europa desbaratar as forças nazis e esmurrar (literalmente) Hitler e Goering!
O fim da guerra – e a crise que se lhe seguiu – esvaziaram o interesse dos heróis patrióticos, levando ao cancelamento da revista em Fevereiro de 1950, pese embora uma tentativa de o transpor para a Guerra da Coreia.
E se hoje em dia morrer e ressuscitar é tão natural como respirar no universo Marvel, o Capitão América foi de certa forma um pioneiro neste aspecto. Desaparecido nas águas geladas do Oceano Ártico, na sequência de uma explosão, no final da II Guerra Mundial, sobreviveu graças ao soro que lhe fora injectado, mantendo-se em animação suspensa, até ser resgatado pelos Vingadores, já nos anos 60, pelas mãos de Stan Lee e, de novo, Kirby.
Só que os tempos eram outros, o seu protagonismo desvaneceu-se, o seu desencanto com os “novos” EUA foi grande. Combateu então vilões comuns (sempre com o Caveira Vermelha à cabeça) e também políticos corruptos, chegando mesmo a enfrentar o governo americano quando os princípios em que acreditava eram postos em causa.
O início deste século trouxe-lhe novos adversários, os terroristas que atacaram Nova Iorque e Washington e todos aqueles que desafiam o exército americano pelo mundo. Por isso não surpreende vê-lo a servir de modelo e exemplo, nos comics que anualmente a Marvel cria para distribuição gratuita aos soldados americanos no estrangeiro.
Em tempos mais recentes, durante a saga “Guerra Civil”, que opôs super-heróis contra e a favor do registo das suas identidades secretas, os ideais que sempre defendeu fizeram dele o líder por excelência dos que, contra o governo, defendiam o direito à liberdade e à privacidade, o que culminou com a sua prisão e posterior assassinato a tiro à entrada do tribunal onde ia ser julgado. Enterrado com honras militares, o seu lugar seria ocupado por Bucky Barnes (um outro ressuscitado…). De forma temporária, no entanto, porque, pouco tempo depois, o Capitão América original regressou porque o seu legado não pode desaparecer enquanto os EUA tiverem inimigos no mundo.

(caixa)

No ecrã este ano

Apesar do sucesso nos quadradinhos, o Capitão América só chegaria ao pequeno ecrã nos anos 60, como integrante da série animada “The Marvel Super Heroes”. Com excepção de dois filmes televisivos na década seguinte, as restantes aparições do herói, em desenhos animados, nunca foram em séries com o seu nome.
Nos anos 90, o cinema dedicou-lhe um filme menor, protagonizado por Matt Salinger, e actualmente está em produção “Capitão América – O Primeiro Vingador”, com estreia prevista para Julho deste ano. Dirigido por Joe Johnston, a partir do argumento de Christopher Markus e Stephen Mcfeely (que já trabalham na respectiva sequela), tem como protagonistas Chris Evans (Steve Rogers), Hugo Weaving (Caveira Vermelha), Tommy Lee Jones (General Phillips) e Hayley Atwell (Peggy Carter).

Captain America