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Revista “Tintin” belga nasceu há 77 anos

Versão portuguesa foi publicada entre 1968 e 1982

A 26 de Setembro de 1946, chegava aos quiosques belgas o primeiro número de uma nova publicação para os jovens. Tinha por título “Tintin” e seria um dos marcos da banda desenhada franco-belga.
No número de estreia, apenas 4 das 12 páginas apresentavam BD: Hergé retomava “Tintin e o Templo do Sol”, Jacobs estreava “Blake e Mortimer em O Segredo do Espadão”, Cuvelier começava a narrar “As aventuras de Corentin” e Laudy introduzia “La légende des quatre fils Aymon”.
Surgida no difícil período pós-guerra, assente no sucesso de Tintin e com Hergé a definir a linha editorial, a nova publicação teve um enorme sucesso e os 60 mil exemplares esgotaram rapidamente.
Pela revista dos “jovens dos 7 aos 77 anos”, slogan consagrado na capa a partir de 1950, iriam passar outros heróis que marcaram gerações: Alix, Michel Vaillant, Lefranc, Ric Hochet, Chlorophille… a que se juntariam, a partir de 1965, numa renovação levada a cabo por Greg, então chefe de redacção, Comanche, Bruno Brazul, Bernard Prince, Oliver Rameau, Robin Dubois e, mais tarde propostas mais adultas como Spirit, Corto Maltese, Jonathan ou Simon du Fleuve.
O sucesso da “Tintin” belga fez nascer títulos homónimos noutros países, a começar pela França, logo em 1948, seguindo-se edições na Holanda, Congo, Canadá, Cambodja e… Portugal. Esta última estreou-se a 1 de Junho de 1968 e apresentava uma enorme mais-valia: os heróis oriundos da publicação original tinham a companhia dos que então faziam furor na “Pilote”: Astériz, Lucky Luke, Blueberry… E se alguns deles tinham passado pelas páginas do “Diabrete”, “Foguetão” ou“Cavaleiro Andante”, a verdade é que foi na “Tintim” que encontraram a casa ideal, graças ao conjunto de heróis reunidos e à qualidade do papel e da impressão. A versão portuguesa acabou em 1982 e a sua ‘mãe’ belga, ‘órfã’ de Tintin desde 1976, chegaria ao fim a 29 de Novembro de 1988.
Agora, esta data simbólica é assinalada pela Le Lombard com duas edições: “Tintin – Numéro Spécial 77 Ans”, ressuscita em 400 páginas muitos dos heróis originais, revisitados por autores contemporâneos, enquanto que “La Grande Aventure du Journal Tintin 2 – Escale em France” reúne nas suas 777 (!) páginas bandas desenhadas publicadas na versão francesa e inéditas na Bélgica.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Corto Maltese apareceu há 40 anos

Foi há 40 anos. Na imensidão do Oceano Pacífico, amarrado a uns quantos troncos que formavam uma jangada tosca, aparecia pela primeira vez Corto Maltese. Era a vinheta final da quinta prancha de “Una Ballata del Mare Salato”, uma BD publicada no primeiro número da revista italiana “Sgt. Kirk”, estreada em Portugal na revista “Tintin” e lançada em álbum pela Bertrand (1982) e pela Meribérica/Líber (2003, na edição revista e colorida). O seu autor era Hugo Pratt que iniciava, assim, sem o saber – até a barba hirsuta de Corto dura apenas duas pranchas – uma das mais importantes e marcantes histórias aos quadradinhos, onde imperavam já o espírito de liberdade, o valor da amizade e um imenso sabor a aventura que marcariam a sua obra.

De Corto, fomos conhecendo aos poucos, ao longo de mais de duas dezenas de álbuns, o seu carácter errante, anarquista, libertário e de anti-herói romântico e pormenores de uma vida aventurosa – retrato colorido da vida e das experiências do próprio Pratt de quem se tornou alter-ego – na qual “contando a verdade como se fosse mentira, ao contrário de Borges que contava mentiras como se fossem verdades”, cruzou oceanos, visitou lugares místicos e reais e conheceu algumas das mais belas e interessantes mulheres da BD. Que sempre deixou, porque o apelo da aventura e do mar sempre foram mais fortes, possibilitando-nos assim conhecer, sem nunca ter vivido, boa parte da História do primeiro terço do século XX, e compartilhar ideias e ideais, filosofias de vida e o mais profundo da natureza humana, que Pratt foi desfiando pelos seus romances desenhados.

Estes 40 anos – ou os 120, se atentarmos na data que alguns biógrafos apontam para o seu nascimento – ficam marcados, em França, após a edição cronológica em formato de bolso, por duas reedições da Casterman: “La Ballade de la mer salée”, em edição de luxo, formato gigante (32 x 41 cm) e tiragem limitada (10 000 ex.), prefaciada por Gianni Brunoro, e “Fable de Vénise”, que inaugura a colecção “Autour de Corto Maltese” que se destaca por incluir comentários, referências, notas históricas, geopolíticas, bibliográficas, imagens e análises, ao lado de cada prancha. Isto, enquanto os muitos fãs de Corto continuam a aguardar pela nova aventura do marinheiro errante, anunciada em Janeiro deste ano em Angoulême, no cumprimento do desejo de Pratt que sempre quis que a sua criação lhe sobrevivesse. Mantida no maior segredo – nem o nome dos dois autores é conhecido – sabe-se apenas que deverá ser lançada entre meados de 2008 e início de 2009 e que a sua acção se passará entre os álbuns “A juventude de Corto Maltese 1904-1905” e “A Balada do Mar Salgado”.

[Caixa]

Corto Maltese – perfil

Nascimento

10 de Julho de 1887, em Malta

Filiação

Mãe: cigana espanhola de Sevilha

Pai: marinheiro britânico, da Cornualha

Nacionalidade

Britânica

Profissão

Marinheiro e aventureiro

Sinais particulares

Brinco em forma de argola na orelha esquerda; longa cicatriz na palma da mão direita, feita por ele próprio insatisfeito com o comprimento da sua linha da vida.

Morte

No mar, em Cantão, assassinado por uma tríade, na Austrália, numa briga ou na Guerra Civil de Espanha, como Hugo Pratt afirmou?


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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