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Os 75 anos de Brick Bradford

Criação de William Ritt e Clarence Gray foi uma das primeiras bandas desenhadas de ficção-científica; Paul Norris dedicou-se ao piloto do Pião do Tempo durante 35 anos; Em Portugal ficou conhecido também como Brigue Forte

A 21 de Agosto de 1933 surgia em alguns jornais locais norte-americanos, uma nova tira diária de ficção-científica protagonizada por Brick Bradford, criado pelo jornalista William Ritt (1902-1972) e desenhado por Clarence Gray (1911-1957), até aí cartoonista desportivo. A necessidade de formas de escape aos problemas quotidianos era então grande na sociedade dos EUA e o novo herói, na peugada do sucesso de Buck Rogers, criado em 1929, correspondia na perfeição, inicialmente como explorador de mundos perdidos no planeta Terra. Mais tarde, após a introdução nas suas aventuras, em 1935, do célebre Pião do Tempo, inventado pelo seu amigo cientista Kala Kopac, deslocar-se-ia também no tempo e no espaço, vencendo todas as fronteiras, enfrentando, juntamente com a sua noiva eterna June Salisbury, robôs gigantes e vilões intergalácticos do futuro ou dinossauros e tiranos do passado.
A popularidade imediata levou-o para os principais jornais norte-americanos e permitiu a passagem também a prancha dominical, a 24 de Novembro de 1934. Dois anos depois viriam as versões em revista, a adaptação em livros de bolso concretizou-se na década seguinte, bem como e a passagem ao cinema, num seriado de 12 episódios, de 1947, realizado por Spencer Gordon e Thomas Carr e protagonizada por Kane Richmond. O Pião do Tempo inspirou uma enorme escultura em bronze do artista canadiano Jerry Pethick (1935-2003), instalada em False Creek, em Vancouver, após ter estado mergulhada na água do mar durante dois anos para apresentar um aspecto envelhecido.
Ritt abandonou a sua criação em 1948 e Gray, que a assumira por inteiro, faria o mesmo em 1952, deixando Bradford entregue a Paul Norris (1914-2007), que o escreveu e desenhou até se aposentar em 1987, tendo a última tira do herói sido publicada a 25 de Abril desse ano.
Brick Bradford foi publicado em Portugal desde os anos 40, por vezes rebaptizado de Brigue Forte, tendo figurando no primeiro número do “Mundo de Aventuras”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Paul Norris: morreu um clássico

Criou Aquaman e foi desenhador de Brick Bradford, Flash Gordon, Jungle Jim e Agente Secreto X-9

Paul Norris morreu ontem, aos 93 anos, em Nova Iorque. Para a posteridade, lega décadas de trabalho com que alimentou o imaginário juvenil de muitos leitores, já que periódicos (como o Jornal de Notícias) e revistas portugueses (com destaque para o “Mundo de Aventuras”) publicaram profusamente nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado, as tiras dos heróis clássicos que desenhou.
Nascido em Greenville, no Ohio, a 26 de Abril de 1914, Norris estudou jornalismo, dicção e arte no Midland College Of Fremon, trabalhando depois como ilustrador. A mudança para Nova Iorque coincidiu com a entrada no mundo dos comics, sendo o seu primeiro trabalho de relevo, a criação gráfica de Aquaman, um ser submarino, oriundo da mítica Atlântida e um dos fundadores da Liga da Justiça da América, na revista “More Fun Comics”, da DC Comics, em 1941, a partir de argumentos de Mort W.eisinger.
Em 1942 teve a sua primeira experiência numa tira diária, Vic Jordan, para o New York Daily, entrando no ano seguinte para o King Features Syndicate, o maior distribuidor deste tipo de banda desenhada, onde se distinguiu pelo seu traço realista, fino e detalhado, bastante agradável e eficiente, tendo assegurado, durante alguns períodos, o desenho das aventuras de Flash Gordon e Jungle Jim, duas criações de Alex Raymond, e do Agente Secreto X-9.
A partir de 1952, assumiu o argumento e o desenho da página dominical de Brick Bradford (entre nós por vezes “aportuguesado” para Brigue Forte), uma série de ficção-científica criada em 1933 por William Ritt (argumento) e Clarence Gray (desenhos), famosa pelo célebre pião do tempo que o herói utiliza para se deslocar no tempo e no espaço, que assegurou durante mais de três décadas, tendo no currículo ainda passagens por Tarzan e Magnus, the Robot Fighter, nos anos 70.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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