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A BD que vamos ler em 2020: surpresas, diversidade e continuidade

Portugueses vão descobrir versões alternativas de Bruno Brazil, Lucky Luke e Blake e Mortimer

Com a banda desenhada a viver um bom momento em Portugal, o ano de 2020 promete algumas novidade de peso.
A primeira, já em Janeiro, é “O Pacto da Letargia”, o novo livro de Miguelanxo Prado, que a Ala dos Livros edita em simultâneo com a versão francesa. “Chapéus há muitos, unicórnio” (Nuvem de Letras), “La filha de Bercingetorix” (ASA), a versão mirandesa da mais recente aventura de Astérix, “Quimeras fascinantes” (Arte de Autor), de Milo Manara, “Naruto #34” (Devir) ou “O Círculo de Júpiter” e “New X-Men: E de Extinção” (ambos da G. Floy) são alguns dos livros já anunciados para o primeiro mês do ano.
Alargando ao primeiro trimestre, a edição de BD no nosso país ficará marcada pelo regresso de três heróis que fizeram as delícias dos leitores da revista “Tintin”: “Bruno Brazil” (Gradiva), na versão actual assinada por Aymond e Bolée, “O Homem que matou Lucvky Luke” (A Seita), na visão alternativa de Matthieu Bonhomme, e “O último faraó” (ASA) , no qual François Schuiten, recria Blake e Mortimer na sua Bruxelas natal.
Se estas são três propostas franco-belgas, a diversificação do mercado nacional dá a garantia que os leitores continuarão a ter acesso ao que de melhor se faz um pouco por toda a parte, dos comics de super-heróis da Marvel e da DC Comics à BD mainstream norte-americana, do manga às criações italianas da Bonelli, dos autores nacionais aos espanhóis e brasileiros…. Ou, até Junho, romances gráficos como “O Gourmet Solirário” (Devir), de Jirô Taniguchi, “Harleen” (Levoir), de Stjepan Sejic, “Crónicas da Birmânia” (Devir), de Guy Delisle, “Mattéo” (Ala dos Livros), de Gibrat, ou “Os Soldados de Salamina” (Porto Editora), de José Pablo Garcia.
No que respeita aos criadores nacionais, a expectativa é grande em volta de “Balada para Sophie”, o novo romance gráfico de Filipe Melo e Juan Cavia, que só deverá ver a luz em Junho. Antes disso, já em Janeiro, as livrarias receberão para os mais pequenos 0 13.º volume de “As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho” (Gailivro), de Pedro Leitão, a versão integral do manga nacional “Júpiter” (Escorpião Azul), de Ricardo Lopes, e “Andrómeda” (A Seita), de Zé Burnay.
O crescimento da edição de BD no nosso país nos anos mais recentes é uma realidade: em 2019, foram mais de 250 as novidades editadas, tendo sido vendidos cerca de 320.000 exemplares, correspondentes a um volume de negócios bruto de 3,5 milhões de euros. Dois factores que contribuíram decisivamente para este estado de coisas foram a diversificação temática e a edição regular de novos volumes das séries em curso e 2020 promete manter essa regra. Se a G. Floy promete terminar, durante o primeiro semestre, “Ms. Marvel”, “Harrow County” e “Descender”, haverá igualmente novos volumes de mangas como “My Hero Academia”, “Assassination Classroom” ou “Blue Exorcist”, mais humor de “Baby Blues”, o segundo volume da antologia fantástica nacional “Umbra”, o western em “Comanche”, “Duke” ou “Undertaker”, a ficção histórica de “Os Escorpiões do deserto”, a biografia de “Estaline”, os mitos da antiguidade em “O nascimento dos deuses”, o erotismo de “Druuna”, a guerra em África em “Ermal”, os super-heróis de “Black Hammer” e do selo DC Black Label ou a estreia, em Fevereiro, de “Narval, o unicórnio dos mares”, uma nova série infantil.
E, nas bancas e quiosques e por assinatura, haverá duas novas colecções: “Astérix” e “Os Heróis mais poderosos da Marvel”, que se vêm juntar às do Príncipe Valente e do Homem-Aranha, já em curso.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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Quentin Tarantino escreve BD

A DC Comics, editora de Batman e Superman, anunciou no passado fim-de-semana que vai publicar a versão aos quadradinhos do novo filme de Quentin Tarantino, “Django Unchained”.
A notícia, divulgada pelo próprio realizador durante a San Diego Comic-Com, uma das mais importantes convenções de BD norte-americanas, especifica que se tratará de uma mini-série em cinco números, que começará a ser publicada no próximo mês de Novembro.
Ainda não foram divulgados os nomes dos desenhadores que participarão no projecto, sabendo-se apenas que o argumento tem como ponto de partida a totalidade do storyboard escrito por Tarantino para o filme. Desta forma, a banda desenhada será uma espécie de “versão de realizador”, pois incluirá cenas que acabaram por não ser incluídas na versão cinematográfica.
“Django Unchained”, protagonizado por Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Christoph Waltz e Jamie Foxx, é um western que conta como um ex-escravo e o seu antigo senhor se unem para libertar a esposa daquele, aprisionada por um fazendeiro conhecido por maltratar e obrigar as suas escravas a prostituírem-se.
Com estreia marcada nos Estados Unidos para Dezembro do corrente ano, o filme deverá chegar aos cinemas portugueses a 24 de Janeiro de 2013.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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Quadradinhos para 2011

Ano novo promete surpresas e confirmações na BD de autores nacionais

Se nos últimos anos, têm sido recorrentes as notícias sobre bandas desenhadas de desenhadores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições em Portugal, 2011 promete uma diferença: alguns desses projectos terão uma dimensão e uma visibilidade até agora nunca atingidas, embora por motivos diferentes.

Cronologicamente, a primeira – e possivelmente a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 – será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre, até agora sem bibliografia aos quadradinhos. Destacando-se pelo tema, estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions especializada em biografias de personalidades da política e da cultura.
A 2 de Fevereiro será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, a mini-série de quatro números que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Primeiro projecto de fôlego de um português para a Casa das Ideias, narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.
Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves, desenha o seu primeiro comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos, que recentemente escreveu uma história de Wolverine, volta ao mutante de garras retrácteis, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.
Quanto ao terceiro projecto mediático citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD com o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Canvia. Esta mesma dupla, que começou por salvar o mundo de uma ameaça nazi latente nas entranhas de Lisboa (que já vai na 3ª edição), deverá regressar em Março, com “Apocalipse” (Tinta-da-China), para enfrentar o fim dos tempos, tal como descrito na Bíblia.
Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em português, “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010), verão os segundos tomos editados no próximo ano pela ASA, em data a definir.
Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro, é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhada por Osvaldo Medina, que recupera, anos mais tarde, as personagens de “C.A.O.S.” (recentemente reeditado). Quanto a “O baile”, é uma história de Nuno Duarte (argumentista das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) passada em 1967 e protagonizada por um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país, estando o desenho a cargo de Joana Afonso. Finalmente, “O Pequeno Deus Cego”, é uma narrativa alegórica de David Soares, negra, violenta e poética, desenhada por Pedro Serpa. Do mesmo argumentista, transita de 2010 “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Gradiva), uma narrativa ficcional sobre a implantação da República, o mesmo acontecendo com “O Menino Triste – Punk Redux” (Qual Albatroz), de João Mascarenhas, que evoca a Londres dos anos 70, e o segundo número do colectivo “The Lisbon Studio Mag”, que será apresentado em Janeiro, no Festival de Angoulême.
Finalmente, ainda em fase de definição, está uma BD sobre a pesca do bacalhau, da autoria da dupla João Paulo Cotrim/Miguel Rocha, autores de “Salazar – Agora, na hora da sua morte”.

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Na senda de 2010

Em 2010 foram editados em Portugal quase quatro dezenas de edições de BD de autores portugueses, a que se podem juntar mais uma dúzia de histórias publicadas no estrangeiro, maioritariamente no mercado norte-americano.
Daquele número, uma parte muito significativa diz respeito a pequenas editoras independentes e a edições apoiadas por câmaras municipais – com as histórias das suas terras e das suas gentes – ou de carácter institucional, raramente programadas com grande antecedência.
Isto serve para dizer que a vintena de projectos referidos no texto principal, a que se juntarão, certamente, edições institucionais, os projectos O Filme da minha vida e Zona (quatro livros cada um em 2010) ou da Bedeteca de Beja, são garantia de que 2011 será, no que à edição de BD diz respeito, pelo menos tão produtivo quanto o ano que agora finda. E, a julgar pelo que fica apresentado, igualmente estimulante e com a capacidade de surpreender os leitores que aceitem o desafio de descobrir os quadradinhos nacionais.


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F. Cleto e Pina

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