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João Mascarenhas no 7º. Luanda Cartoon

O argumentista e desenhador português João Mascarenhas é o convidado especial do 7º Festival de Banda Desenhada e Animação – Luanda Cartoon, que vai decorrer na capital Angolana entre os dias 20 e 27 do corrente mês e que contará com uma exposição do autor de O Menino Triste.
A principal exposição da mostra incluirá obras do também português Filipe Melo, cineasta e argumentista de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy”, desenhadas pelo argentino Juan Canvas, dos brasileiros Marcelo D’Salete e Gabriel Rocha e do chadiano Adjim Danngar, para além de cerca de três dezenas de autores locais.
O evento, terá lugar nas instalações do Instituto Camões, que o co-organiza juntamente com o Estúdio Olindomar. Do seu programa constam diversas exposições de BD e cartoon, uma feira do livro, lançamentos, sessões de autógrafos, uma “Cartoon Party” com caricaturas ao vivo, um espectáculo de hip-hop designado “Pocket Show” e um seminário sobre banda desenhada, animado pelo angolano Teodoro Fernandes.
Parte das exposições estão patentes no Salão Internacional da União Nacional dos Artistas Plásticos, podendo ser visitadas até 20 de Setembro.
João Mascarenhas trabalha actualmente em “Punk Redux”, um novo álbum de O Menino Triste, que deverá ser editado até final do ano.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Portugal aos quadradinhos

Tal como as celebridades da música ou do cinema, também os heróis de papel por vezes escolhem Portugal como destino, no caso para viverem emocionantes histórias aos quadradinhos. Shania Rivkas, aliás Lady S., é o caso mais recente.

Foi em “Salade Portugaise” (Dupuis), lançado há mês e meio, que a jovem estoniana, que trabalha como intérprete no Parlamento Europeu, e às ordens da CIA, sob o nome de código Lady S., chegou a Lisboa para seguir uma pista que a podia levar a reencontrar o pai, que julgava morto, ao mesmo tempo que contribuía para desmantelar um atentado terrorista da Al Qaeda. Escrito por Jean Van Hamme e desenhado por Philippe Aymond, tem na capa a protagonista em trajos menores, tendo por fundo uma boa perspectiva da cidade e do castelo de S. Jorge, e no interior uma atribulada refeição à sombra da ponte 25 de Abril, uma animada perseguição pelas ruas lisboetas com um eléctrico envolvido e um aparatoso acidente automóvel nos arredores de Sesimbra.
Pelas mesmas (?) ruas do Bairro Alto pass(e)ou também Michel Vaillant, em 1984, em “O Homem de Lisboa”, que combina espionagem industrial com a participação de Steve Warson e Julie Wood no Rali de Portugal, a que as estradas nacionais – e os pouco cívicos espectadores – servem de pano de fundo. As primeiras pranchas mostram o par enamorado em passeio turístico pela Praça do Comércio, o Elevador de Santa Justa ou a Torre de Belém. E, mais uma vez, os típicos eléctricos lisboetas. E tal como em Lady S., os protagonistas utilizam um avião da TAP. Clichés turísticos que se nalguns casos não passam disso, noutros são parte integrante destas histórias de autores estrangeiros.
Treze anos antes em “5 filles dans la course”, traduzido como “Rali em Portugal”, Michel e Steve já tinham corrido nas estradas portuguesas, com este último a fazer equipa com a lusa Cândida Maria de Jesus.
Também Monsieur Jean, o trintão celibatário imaginado por Dupuy e Berbérian, esteve na capital em “Le voyage à Lisbonne” (1992), em busca de inspiração para escrever um romance. Foi igualmente a Portugal, mais concretamente aos Açores, que Jacobs enviou Blake e Mortimer em “O Enigma da Atlântida” (1957), para os dois aventureiros descobrirem no subsolo da ilha de São Miguel os descendentes dos habitantes daquele continente mítico. E em “O segredo de Coimbra” (1991), a cidade dos estudantes do século XVIII foi escolhida pelo belga Étienne Schréder como local de acção para uma narrativa sobre um príncipe prisioneiro e a construção de uma ponte sobre o rio Mondego, tendo por base o uso de anamorfoses.
Mas se podemos considerar de certa forma normal que heróis europeus nos visitem, será mais surpreendente saber que Hellboy, o demónio saído dos infernos que combate nazis, fantasmas e monstros, esteve em território nacional em 1992, como conta “In The Chapel of Moloch” (2008), que tem início nas ruas estreitas de Tavira e utilizou como inspiração a capela de S. Sebastião. E no mesmo registo de terror, registo habitual nos fumetti (BD italiana) populares da Sergio Bonelli Editore, Dampyr, um caçador de vampiros, em “Lo Sposo della Vampira” (2006), esteve em Trás-os-Montes, “na localidade de Riba Preta” inspirada em diversas aldeias reais visitadas pelo argumentista Mauro Boselli. Desenhada por Alessandro Bocci, aborda a lenda do Castelo de Monforte da Estrela, supostamente assombrado por uma vampira, e no final o protagonista é salvo in extremis por um pastor luso, Vitorino Rocha.
Mais natural, é o aparecimento de pormenores da cidade do Porto nas páginas do diário ilustrado do norte-americano James Kochalka, cultor da autobiografia em BD, a propósito da sua passagem pelo Salão de BD portuense, em 1999.

[Caixa]

O país na BD moderna portuguesa

Para além das óbvias utilizações de Portugal como cenário, em bandas desenhadas de temática histórica ou sobre cidades e vilas nacionais, estas geralmente com atrocínio autárquico, são várias as criações da moderna BD portuguesa que têm (re)visitado, de forma inspirada, o nosso país.

BRK, tomo 1
Filipe Andrade e Filipe Pina
ASA
História urbana, protagonizada por David, um adolescente que acaba envolvido com uma organização terrorista, decorre maioritariamente em Almada e fica marcada pelos atentados contra o McDonalds da Praça da Liberdade, no Porto, e o Cristo-Rei.

As aventuras de Filipe Seems
Nuno Artur Silva e António Jorge Gonçalves
ASA
Recentemente reeditadas numa caixa com os três álbuns, as aventuras de Filipe Seems, investigador privado num futuro indefinido, decorrem numa Lisboa retro-futurista, semi-submersa e percorrida por gôndolas, que evoca múltiplos imaginários.

O Menino Triste – A Essência
João Mascarenhas
Qual Albatroz
Embora maioritariamente ambientada na “sereníssima” Veneza, é na sua Coimbra (natal?) que o Menino Triste começa este percurso iniciático que cruza amizades, sociedades secretas, dúvidas existenciais e… muita(s) Arte(s).


Obrigada, Patrão
Rui Lacas
ASA
Com a paisagem serena da Zambujeira como fundo, esta é a história opressiva de um drama rural, que versa sobre as prepotências dos senhores das terras e a destruição dos sonhos de infância.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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