Etiqueta: Filipe Pina

Under Siege: Jogo Criado em Portugal para a PlayStation 3

Chama-se Under Siege e é um novo jogo exclusivo para a PlayStation 3 que estará disponível já em Fevereiro através da PlayStation Network, a loja online da consola. “A grande novidade é que, pela primeira vez, se trata de um jogo totalmente criado em Portugal, pelo Seed Studios”, explicou ao JN Filipe Pina, um dos seus sócios.
Jogo de estratégia em tempo real, “com nome e logótipo registados a nível mundial”, decorre num mundo imaginário povoado por criaturas fantásticas, pode ser jogado a solo ou online com outros jogadores e, a par da arte cuidada e atraente e de ser fácil de aprender e de jogar, “tem como principal atractivo um editor que permite criar novos níveis e personagens que ficam disponíveis para todos os compradores do jogo”.
“A vantagem de ser vendido online”, explica Pina, é “a eliminação de uma série de intermediários e custos (impressão de caixas, manufactura dos CDs, transporte desde a China, etc.), o que permitiu um maior controle do produto final e a sua venda a um preço muito mais acessível: 14,99 €”.
Embora o Seed Studios, fundado em 2006, tivesse já alguma experiência na área dos videojogos – “nomeadamente a criação do “Sudoku for kids” e do Toyshop para a Nintendo DS” – nunca encetara um projecto desta envergadura, iniciado em 2008, “que implicou um investimento de cerca de 1,2 milhões de euros, repartidos em partes iguais pelos sócios, empréstimo bancário e por um subsídio do IAPMEI”. A parte do financiamento, “pelo desconhecimento do meio por parte de quem toma decisões”, foi o momento mais complicado do processo, que chegou a envolver cerca de 20 pessoas em simultâneo. Um processo longo, árduo e trabalhoso” que deu à empresa um know-how único até agora inexistente no nosso país”.
As previsões de vendas “apontam para os 100 mil exemplares (apenas 0,15 % da população actual da PS3)”, estando o futuro de Under Siege dependente do sucesso que atinja.
Como parte do marketing, foi criada uma BD que serve de prólogo ao jogo e de apresentação das personagens. Escrita pelo próprio Pina, foi desenhada por Filipe Andrade, actualmente a trabalhar para a Marvel, uma dupla que já dera nas vistas nos quadradinhos com BRK (ASA). As pranchas da BD e a arte que serviu de base ao jogo, estarão expostas na Polónia, em Outubro, e, logo a seguir, no Amadora BD 2011.

Futura Imagem

Português Desenha Biografia de Angelina Jolie

Têm sido recorrentes notícias sobre bandas desenhadas de autores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições cá. 2011 promete ser diferente: alguns desses projectos terão dimensão e visibilidade nunca atingidas.

Cronologicamente, a primeira – e, possivelmente, a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 – será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre. Estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions.

A 2 de Fevereiro, será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, mini-série de quatro números que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto, o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.

Consolidação autoral

Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves desenha o seu primeiro comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos volta a Wolverine, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.

Quanto ao terceiro projecto citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD com o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Canvia. Esta mesma dupla deverá regressar em Março, com “Apocalipse”, para enfrentar o fim dos tempos, como descrito na Bíblia.

Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em Português – “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010) -, verão os segundos tomos editados no próximo ano.

Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhado por Osvaldo Medina, que recupera, anos mais tarde, as personagens de “C.A.O.S.”. Quanto a “O baile”, é uma história de Nuno Duarte (das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) passada em 1967 e protagonizada por um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país, estando o desenho a cargo de Joana Afonso. Finalmente, “O Pequeno Deus Cego” é uma narrativa alegórica de David Soares, negra, violenta e poética, desenhada por Pedro Serpa.

Futura Imagem

Portugal aos quadradinhos

Tal como as celebridades da música ou do cinema, também os heróis de papel por vezes escolhem Portugal como destino, no caso para viverem emocionantes histórias aos quadradinhos. Shania Rivkas, aliás Lady S., é o caso mais recente.

Foi em “Salade Portugaise” (Dupuis), lançado há mês e meio, que a jovem estoniana, que trabalha como intérprete no Parlamento Europeu, e às ordens da CIA, sob o nome de código Lady S., chegou a Lisboa para seguir uma pista que a podia levar a reencontrar o pai, que julgava morto, ao mesmo tempo que contribuía para desmantelar um atentado terrorista da Al Qaeda. Escrito por Jean Van Hamme e desenhado por Philippe Aymond, tem na capa a protagonista em trajos menores, tendo por fundo uma boa perspectiva da cidade e do castelo de S. Jorge, e no interior uma atribulada refeição à sombra da ponte 25 de Abril, uma animada perseguição pelas ruas lisboetas com um eléctrico envolvido e um aparatoso acidente automóvel nos arredores de Sesimbra.
Pelas mesmas (?) ruas do Bairro Alto pass(e)ou também Michel Vaillant, em 1984, em “O Homem de Lisboa”, que combina espionagem industrial com a participação de Steve Warson e Julie Wood no Rali de Portugal, a que as estradas nacionais – e os pouco cívicos espectadores – servem de pano de fundo. As primeiras pranchas mostram o par enamorado em passeio turístico pela Praça do Comércio, o Elevador de Santa Justa ou a Torre de Belém. E, mais uma vez, os típicos eléctricos lisboetas. E tal como em Lady S., os protagonistas utilizam um avião da TAP. Clichés turísticos que se nalguns casos não passam disso, noutros são parte integrante destas histórias de autores estrangeiros.
Treze anos antes em “5 filles dans la course”, traduzido como “Rali em Portugal”, Michel e Steve já tinham corrido nas estradas portuguesas, com este último a fazer equipa com a lusa Cândida Maria de Jesus.
Também Monsieur Jean, o trintão celibatário imaginado por Dupuy e Berbérian, esteve na capital em “Le voyage à Lisbonne” (1992), em busca de inspiração para escrever um romance. Foi igualmente a Portugal, mais concretamente aos Açores, que Jacobs enviou Blake e Mortimer em “O Enigma da Atlântida” (1957), para os dois aventureiros descobrirem no subsolo da ilha de São Miguel os descendentes dos habitantes daquele continente mítico. E em “O segredo de Coimbra” (1991), a cidade dos estudantes do século XVIII foi escolhida pelo belga Étienne Schréder como local de acção para uma narrativa sobre um príncipe prisioneiro e a construção de uma ponte sobre o rio Mondego, tendo por base o uso de anamorfoses.
Mas se podemos considerar de certa forma normal que heróis europeus nos visitem, será mais surpreendente saber que Hellboy, o demónio saído dos infernos que combate nazis, fantasmas e monstros, esteve em território nacional em 1992, como conta “In The Chapel of Moloch” (2008), que tem início nas ruas estreitas de Tavira e utilizou como inspiração a capela de S. Sebastião. E no mesmo registo de terror, registo habitual nos fumetti (BD italiana) populares da Sergio Bonelli Editore, Dampyr, um caçador de vampiros, em “Lo Sposo della Vampira” (2006), esteve em Trás-os-Montes, “na localidade de Riba Preta” inspirada em diversas aldeias reais visitadas pelo argumentista Mauro Boselli. Desenhada por Alessandro Bocci, aborda a lenda do Castelo de Monforte da Estrela, supostamente assombrado por uma vampira, e no final o protagonista é salvo in extremis por um pastor luso, Vitorino Rocha.
Mais natural, é o aparecimento de pormenores da cidade do Porto nas páginas do diário ilustrado do norte-americano James Kochalka, cultor da autobiografia em BD, a propósito da sua passagem pelo Salão de BD portuense, em 1999.

[Caixa]

O país na BD moderna portuguesa

Para além das óbvias utilizações de Portugal como cenário, em bandas desenhadas de temática histórica ou sobre cidades e vilas nacionais, estas geralmente com atrocínio autárquico, são várias as criações da moderna BD portuguesa que têm (re)visitado, de forma inspirada, o nosso país.

BRK, tomo 1
Filipe Andrade e Filipe Pina
ASA
História urbana, protagonizada por David, um adolescente que acaba envolvido com uma organização terrorista, decorre maioritariamente em Almada e fica marcada pelos atentados contra o McDonalds da Praça da Liberdade, no Porto, e o Cristo-Rei.

As aventuras de Filipe Seems
Nuno Artur Silva e António Jorge Gonçalves
ASA
Recentemente reeditadas numa caixa com os três álbuns, as aventuras de Filipe Seems, investigador privado num futuro indefinido, decorrem numa Lisboa retro-futurista, semi-submersa e percorrida por gôndolas, que evoca múltiplos imaginários.

O Menino Triste – A Essência
João Mascarenhas
Qual Albatroz
Embora maioritariamente ambientada na “sereníssima” Veneza, é na sua Coimbra (natal?) que o Menino Triste começa este percurso iniciático que cruza amizades, sociedades secretas, dúvidas existenciais e… muita(s) Arte(s).


Obrigada, Patrão
Rui Lacas
ASA
Com a paisagem serena da Zambujeira como fundo, esta é a história opressiva de um drama rural, que versa sobre as prepotências dos senhores das terras e a destruição dos sonhos de infância.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem