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Programa eclético em Angoulême 2008

Festival de BD destaca José Muñoz, Ben Katchor, Sérgio Toppi, Kazuo Koike, Clamp e os Schtroumpfs

Numa altura em que a banda desenhada foi considerada a única expressão artística ainda viva da cultura francesa, pela revista “Time”, num artigo publicado esta semana,intitulado “The Death of French Culture”, e enfrentando uma época de edição excessiva (mais de 100 livros aos quadradinhos são lançados diariamente no mercado franco-belga), o Festival Internacional de BD de Angoulême, que como todos os anos terá lugar no último fim-de-semana de Janeiro, reflecte esta realidade, através de um programa eclético e variado, agora divulgado.
Assim, o argentino José Muñoz, Grande Prémio em 2007, para além da sua exposição monográfica, patrocina uma grande mostra antológica sobre a produção argentina de quadradinhos, onde se destacam nomes como Dante Quinterno (o homem que influenciou Goscinny), Quino, Breccia ou Copi. Por outro lado, propostas mais alternativas como as do americano Bem Katchor ou o classicismo do italiano Sérgio Toppi convivem lado a lado com produções vocacionadas para o público infantil, como “Lou” ou os “Schtroumpfs”. E, representando quase 40 % do mercado francófono, a 9ª arte asiática, com o manga (BD japonesa) à cabeça, não podia faltar, ocupando por inteiro o espaço Franquin, com originais de Kazuo Kaminura, Kazuo Koike e do estúdio Clamp.
A 35ª edição do festival, que fica marcada pelo regresso das grandes feiras de BD ao centro da cidade, apresentará ainda a segunda das quatro partes da “Exposição Universal da Banda Desenhada”, consagrada à ficção-científica, com uma importante componente baseada nas novas tecnologias.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Grande Prémio de Angoulême para José Muñoz

Encerrou ontem o 34º Festival de BD de Angoulême com a atribuição do Grande Prémio a José Muñoz. Escolha, consensual a todos os níveis, dos anteriores laureados, Muñoz conquistou-a “pela sua obra intensa e exigente” e por ser “um criador virtuoso”.

Um dos grandes mestres da BD a preto e branco, José Muñoz, nascido a 10 de Julho de 1942 em Buenos Aires, aprendeu com Alberto Breccia e Hugo Pratt, mas seria na Europa, a partir de 1974, que criaria fama, ao lado do também argentino e exilado político Carlos Sampayo. As aventuras de Alack Sinner, um policial de contornos humanos e sociais, são a obra mais conhecida de uma bibliografia vasta e adulta, política e socialmente empenhada, que inclui também “Viet Blues” ou “Billie Holiday”. Em português é possível apreciá-lo em “Nos Bares” (Asa, 2003) e no catálogo “José Muñoz – Cidade, jazz da solidão” (Livros Horizonte, 1994).

O Palmarés oficial de Angoulême, este ano renovado, sem os controversos prémios para argumento e desenho que “separavam” o que na BD deve ser inseparável, ficou assim definido: Melhor Álbum: “Non Non Bâ”, de Shigeru Mizuki (Cornélius); Álbuns Essenciais: “Black Hole”, de Charles Burns (Delcourt), “Lucille”, de Debeurme (Futuropolis), “Lupus”, de Frederik Peeters (Atrabile), “Le photographe”, de Guibert, Lefèvre e Lemercier (Dupuis), “Pourquoi j’ai tué Pierre”, de Olivier Ka e Alfred (Delcourt); Prémio Revelação: “Panier de singe”, de Mulot e Ruppert (L’Association); Prémio do Património: “Sergent Laterreur”, de Touïs e Frydman (L’Association).


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias