Espanhóis, africanos, louras. E alentejanos. Todos eles (e outros mais), por uma razão ou por outra, foram/são alvos do anedotário nacional, muitas vezes por simples transposição das situações alterando os protagonistas, outras criando novas histórias ou modernizando-as numa adaptação aos tempos correntes ou às novas realidades.
Sergei, em “Os compadres” (edição da Polvo), nascidos no seu site , começou por adoptar algumas das anedotas correntes, explorando também os estereótipos comummente associados aos alentejanos (com a preguiça à cabeça), para progressivamente se libertar um pouco, dando vida própria às personagens e tornando-as mais ricas e divertidas.
A crítica do quotidiano, natural numa tira publicada semanalmente num jornal, no caso o “Diário do Alentejo”, desde 2003, é a principal característica dos intervenientes em “Ribanho” (Prime Books), no qual dois alentejanos de gema, Luís Afonso (o argumentista) e Carlos Rico (desenhador e tradutor dos diálogos para o sotaque “alentejanês”) mostram como os tais alentejanos, tantas vezes satirizados e mesmo ridicularizados, são capazes de um olhar crítico, sagaz e cáustico sobre o resto do país (em especial sobre os governantes, comodamente instalados na “longínqua” capital) fazendo-nos, por uma vez (ou muitas, tantas quantas as tiras recolhidas no álbum) rir (não dos mas) com os alentejanos.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias