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Tiago Manuel apresenta BD em Gaia

O livro “Sai do meu filme” (Calendário de Letras), da autoria de Tiago Manuel, é mostrado hoje, às 15 horas, no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner (antigo Tribunal de Vila Nova de Gaia), estando a apresentação a cargo do Dr. Vasco Graça Moura.
Com uma introdução de tom autobiográfico, próxima do conto, onde a missa (o sagrado) e o cinema (o profano) surgem como realidades opostas, a narrativa de “Sai do meu filme”, desenvolve-se depois em banda desenhada, numa viagem onírica em que a criatura escapa ao criador para uma dimensão onde o imaginário infantil e a realidade adulta se entrecruzam, uma dualidade que a narrativa explora, assente num traço agradável, que contrasta com uma paleta de cores em que predominam os tons escuros.
Natural de Viana do Castelo, onde nasceu em 1955, Tiago Manuel, que fez a sua formação artística com os mestres Aníbal Alcino e Júlio Resende, tem criado inúmeras ilustrações para capas de livros, cartazes cinematográficos, jornais e revistas. Aos quadradinhos, esta é a primeira vez que assina uma obra com o seu nome, pois tem-se dispersado por diversos heterónimos como Terry Morgan, Murai Toyonobu, Tom McCay ou Max Tilmann, consoante as temáticas e os estilos gráficos que experimenta.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Portugal e Galiza (re)encontram-se na BD

Exposições do galego David Rubin e dos portugueses Miguel Rocha/João Paulo Cotrim, dão corpo ao 1º Encontro Luso-Galaico de BD, que é inaugurado amanhã, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia.

As mostras, integradas nas manifestações de Vila Nova de Gaia – Capital da Cultura do Eixo Atlântico 2009, que decorrem até final do mês, serão inauguradas às 16h30, na presença dos autores.
Apesar da denominação escolhida, esta não é a primeira vez que a BD portuguesa e da Galiza se encontram (ver caixa) o que também não significa que os contactos já havidos tenham sido especialmente frutíferos. As explicações poderiam ser várias, desde a forma independente como trabalham a maior parte dos criadores à enorme diferença entre a realidade dos quadradinhos aqui e na Galiza, com vantagem para esta última, onde a 9ª arte atravessa há uma década um momento especialmente dinâmico e estimulante. E que é visível, por exemplo, na multiplicação de eventos dedicados à “banda deseñada”, desde as históricas Xornadas de Ourense ou o Salón de Cangas ao já incontornável Viñetas desde o Atlântico, dirigido pelo mais prestigiado autor de BD galego, Miguelanxo Prado, ou na proliferação de publicações, independentes e colectivas, como “BD Banda”, “Golfiño” (distribuída com o jornal “La Voz de Galícia”), ou “Barsowia”.
Por cá, face a um mercado em contracção (ao contrário do espanhol, que recebe anualmente mais de 2000 títulos) e com os jornais de portas fechadas, os novos quadradinhos portugueses têm passado por edições independentes, de pequena tiragem e circulação limitada, como “Mocifão”, “Gambuzine”, “Efeméride”, “Super Pig”, “A Fórmula da Felicidade”, “Noitadas, Deprês e Bubas”, “Venham +5”, “Tomorrow The Chinese Will Deliver The Pandas”, “O filme da minha vida”, “Murmúrios das Profundezas” ou “Zona Zero”.
David Rubin, nascido em Ourense em 1977, é a principal atracção do encontro de Gaia. Dividido entre o desenho e a animação, é um dos rostos mais visíveis da nova BD galega, como co-fundador do colectivo Polaqia e pela obra que tem espalhado por inúmeras publicações e dois álbuns – “El circo del desaliento” e “La tetería del Oso Malayo” (ambos da Astiberri) – em que dá largas ao seu traço realista distorcido, expressivo e muito legível, com que liberta narrativas curtas, mas fortes e bem estruturadas. Originais seus estarão igualmente na livraria/galeria Mundo Fantasma (C.C. Brasília), até 13 de Setembro, que a propósito editou um giclée numerado e assinado por Rubin.
Miguel Rocha e João Paulo Cotrim mostram em Gaia “As Lições de Salazar”, um dos capítulos do premiado romance gráfico “Salazar – Agora, na hora da sua morte” (Parceria A. M. Pereira), uma visão desassombrada que desconstrói o mito do ditador, mostrando o seu lado humano, com muitas fragilidades e limitações. Cotrim, nascido na capital, em 1965, primeiro director da Bedeteca de Lisboa, é membro do projecto Gulbenkian/Casa da Leitura e assessor do Centro Cultural de Belém, e tem uma vasta obra, aos quadradinhos e não só. Miguel Rocha, também natural de Lisboa (1968), tem desenvolvido um estilo original e personalizado em títulos como ”A vida numa colher – Beterraba” e “MALITSKA” (ambos da Polvo).
São duas das (muitas) formas diferentes de abordar a BD que podem ser descobertas até final do mês, como aperitivo para depois as desfrutar no papel.

[Caixa]

Primeiro encontro foi há 19 anos, no Rivoli

O primeiro “Encontro Luso-Galaico de Banda Desenhada” teve lugar no Porto, no Teatro Rivoli, de 23 a 30 de Dezembro de 1990, e foi organizado pelo projecto Comicarte, no ano em que, após cinco anos consecutivos, não realizou o Salão Internacional de BD do Porto, devido à criação, na sede da Comissão de Jovens de Ramalde, da primeira bedeteca portuguesa, entretanto desactivada.
Como base teve as exposições: “Más Criações”, que mostrava a nova banda desenhada nacional, e “Debuxantes en Banda”, da Casa da Xuventude de Ourense, que ilustrava a realidade galega. Convívio de autores e fãs, o encontro teve também quatro painéis de debates, sobre “BD contemporânea: Sangue e sexo à discrição”, “Crítica e críticos: Função e utilidade”, “O uso da BD no ensino” e “BD infantil, de origem a parente pobre”, e um café-concerto com poesia de Mário de Sá-Carneiro e de Rosalia de Castro, dita por Isabel Aragão, e uma actuação do grupo Jig.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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