Revista Pilote regressa para assinalar a data; História da revolução contada aos quadradinhos; Cartoons da época de Cabu, Reiser, Siné e Wolinski compilados em livro
Como em muitas outras áreas, também na banda desenhada os acontecimentos de Maio de 1968 deixaram uma marca profunda e incontornável, pela forma como mostraram novos caminhos para tornar a 9ª arte mais adulta, descobrindo-se capaz de abordar temáticas até aí vedadas ou ignoradas. Por isso não surpreende que os 40 anos da revolução que começou por abalar Paris seja agora evocada, das mais diversas formas, pelos quadradinhos francófonos.
Desde logo numa edição especial da revista “Pilote” Dargaud), nascida em 1959 como “o jornal de Astérix”, agora subintitulada “le journal qui s’amuse a lancer un pavé”, e que foi das primeiras onde se sentiram os ventos de mudança. Com tiragem de 220 000 exemplares, reúne em 160 páginas a visão do Maio de 1968 de autores que o viveram, como Giraud, Gotlib ou Fred, a par de criadores mais jovens como Sattouf, Larcenet ou Blain.
A revista “Lanfeust Mag” também tem um número especial, oferecido com o álbum colectivo “Mai 68, le pavé de la bande dessinée” (Soleil´). Por outro lado, a colecção “A verdade sobre…”, de que as edições ASA lançaram alguns títulos, também aborda o tema com humor em “La vérité sur Mai 68” (Vent des Savanes), da autoria de Monsieur B e Sophie Dumas.
Se nos casos citados, é sobretudo a visão de hoje sobre a efeméride que impera, “Mai 68” (Michel Lafon) reúne mais de 500 cartoons da época, “contestatários e revolucionários”, assinados por Wolinski, Cabu, Siné, Gébé e Reiser, comentados por Daniel Cohn Bendit ou Cavanna.
Espírito diferente tem “Mai 68, histoire d’un printemps” (Edições Berg), em que Alexandre Franc e Arnaud Bureau traçam em banda desenhada a história dos dias que fizeram a revolução. Curioso é “1968-2008…N’effacez pas nos traces!” (Casterman), uma edição composta por um CD de Dominique Grange, que compila temas da época e alguns inéditos, transformados em imagens num álbum com o traço característico de Jacques Tardi.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias