Exemplo

“Prédicition” (Delcourt) exemplifica bem o modelo tradicional de edição de banda desenhada franco-belga: álbum cartonado, com 48 páginas a cores, com uma história a ser desenvolvida em vários tomos.

E como quase sempre acontece, este volume inicial – “Fatale Mélodie”- desperta e capta a atenção do leitor, enredando-o numa série de premissas, todas deixadas em aberto no seu final, como forma de o fazer ansiar pela continuação da série. Para lá da questão base da narrativa – “O que fazer quando se tem 39 dias de vida?” – outras são abordadas: a rejeição da religião (e também da arte do equilibrismo) pelo protagonista, devido a um acidente na adolescência que matou parte da sua família; a utilização da arte – escultura, no caso – como forma de libertação interior; a sua complicada relação com a esposa, Carole, internada num asilo psiquiátrico, e, de certa forma, com as mulheres em geral; as estranhas capacidades de Mélodie, igualmente internada e a autora da previsão (só ou algo mais?) da data da morte do protagonista, entre outros …

Para que “Prédiction”, que assenta no traço realista, expressivo e competente de Rotundo, não seja mais uma série de início prometedor que depois rapidamente se esvazia, Pierre Makyo, veterano com provas dadas, terá que ligar capazmente todas estas pontas soltas, como já fez, por exemplo na excelente “Balade au bout du monde”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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