Parar de fumar

Foi o que decidiu fazer Cati Baur, que conta aos quadradinhos a sua experiência nesse sentido no livro “J’arrête de fumer” (Delcourt). Experiência inicialmente narrada de forma regular (o que dá ao livro um tom de quase diário íntimo) no blog ↗ que mantém desde 2004, que é mais um exemplo de como as novas tecnologias podem ser usadas pelos quadradinhos.
No livro, que combina ilustração e sequências narrativas, desenhadas em traço fino, expressivo, composto com tons de cinzento dados a pincel, Cati Baur descreve, sem intenções moralistas (“eu fanfarrono o que quiser, é o meu livro”, escreve ela) e algum humor (que se vai esbatendo ao longo das páginas), o que passou para conseguir cumprir o seu propósito: a falta da nicotina, os sonhos em que fumava, como passou a contabilizar tudo em maços de cigarros (poupados) e não em euros, o aumento de peso, a indiferença dos próximos (“quando se acende um cigarro há sempre alguém para exprimir desaprovação; quando não o fazemos, ninguém nos felicita…”), como certas coisas (tomar um café, ir a uma festa ou um bar) parecem não fazer sentido sem um cigarro a acompanhar, aspectos que quase ofuscam por completo as alegrias das pequenas (grandes) vitórias quotidianas, sempre que um cigarro fica por acender….
Porque a recaída é sempre possível e parar de fumar “…nunca, nunca é algo adquirido”.

PS: Quase 10 anos (que se completariam a 11 de Fevereiro) e 456 colunas depois, este espaço “Aos Quadradinhos” chega ao fim. Àqueles que me acompanharam, (mais ou menos) regularmente, o meu obrigado; espero que tenham encontrado tanto prazer como eu em (pelo menos) algumas das centenas de edições aos quadradinhos, cuja leitura me pareceu relevante.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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