Descoberto o filão, que tantos sucessos tem garantido, o cinema não larga a banda desenhada. Agora, foi Luc Besson que comprou os direitos para adaptação cinematográfica das “Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec”, uma série criada em 1976 por Jacques Tardi, nas páginas do jornal Sud-Ouest.
O acordo foi assinado entre a EuropaCorp (a produtora de Besson) e a Casterman (que edita os álbuns de Adéle) e prevê a realização de três longas-metragens, a primeira das quais já em 2009, tendo por base o extravagante ambiente da série. Misto de policial, terror e fantástico, em Adèle Blanc-Sec, uma das primeiras heroínas modernas da BD franco-belga – inteligente, independente e convicta -, Tardi diverte-se, com uma ironia muito própria, criando uma obra operática caótica, em que contracenam sábios loucos, dinossauros ressuscitados, seitas adoradoras de deuses exóticos sedentos de sangue, conspiradores e polícias dotados de grande inépcia, que se vão cruzando com a protagonista. A acção passa-se no pós-Primeira Guerra Mundial, na Paris que Tardi adora e retratou como ninguém nos quadradinhos. Com nove álbuns publicados no mercado francófono (e um décimo a caminho), com vendas globais superiores a dois milhões de livros, os quatro primeiros tomos das aventuras de Adèle Blanc-Sec chegaram a Portugal no final da década de 70 do século passado, pela mão da Bertrand, sendo depois reeditados pela Witloof, em 2003.
Esta não é a primeira vez que Luc Besson faz a ponte entre a BD e o cinema. Em “O quinto elemento”, chamou Jean-Claude Mezières, desenhador da série de ficção-científica “Valérian”, para criar os cenários e adereços e, recentemente, associou-se ao desenhador Dikeuss para dar uma nova vida à Septième Choc, uma pequena editora de BD que acaba de apresentar os seus primeiros álbuns no festival de BD de Angoulême.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias