Génio da animação realizou quase centena e meia de filmes; deu vida a Bugs Bunny, Daffy Duck, Droopy e muitas outras personagens
A 26 de Fevereiro de 1908, a pequena cidade de Taylor, no centro do Texas, nos Estados Unidos, assistia ao nascimento de Fredrick Bean “Tex” Avery, um dos maiores génios que o cinema de animação teve. Depois de uma infância e adolescência sem história, formou-se na North Dallas High School, que tinha como um dos lemas a frase “What’s up, doc”, que Bugs Bunny celebrizaria anos mais tarde. Goradas diversas tentativas de vender bandas desenhadas da sua autoria, decidiu virar-se para a animação, tendo passado um Verão a estudar essa arte no Chicago Art Institute, começando depois a sua carreira de animador, como pintor de cenários, no início da década de 1930, no estúdio de Walter Lantz, o criador de Woody Woodpecker.
A meio dessa década, mudou-se para a Warner Bros, onde trabalhou com Bob Clampett e Chuck Jones, e nesse mesmo ano dirigiu o seu primeiro desenho animado, “Gold Diggers of ’49”, segunda aventura do gago Porky Pig. Dois anos depois apresentava ao mundo o pato mais emotivo e exasperante do cinema, Daffy Duck. Quando deixou a Warner, em 1941, após uma discussão com Leon Schlesinger, levava também no seu currículo a realização de mais de seis dezenas de filmes e o desenvolvimento da personalidade do temperamental Bugs Bunny e de muitos outros Looney Tunes.
De imediato entrou para a MGM, de Fred Quimby, que então acolhia também William Hanna e Joseph Barbera, onde teve total liberdade criativa que utilizou para criar algumas das melhores animações de sempre, marcadas por uma violência (inócua) irresistivelmente divertida, pelo humor assente na combinação da loucura absoluta com uma certa dose de realidade, na repetição de gag e situações e pela subversão das regras do meio em que trabalhava, numa época em que cada filme era uma (pequena) obra(-prima) única. E em que as produções animadas, se bem que divertidas para os mais novos, só podiam ser fruídas plenamente por adultos. Foi nessa época que imaginou o pacato Droopy ou o histérico Screwy Squirrell e as suas (pre)versões dos contos clássicos infantis. Destas, a mais famosa é, possivelmente, “Red Hot Riding Hood” (1943), protagonizada por uma capuchinho vermelho adulta, ruiva e com todas as curvas no sítio, um lobo playboy e uma avozinha ninfomaníaca.
Quase 20 anos depois, em 1954, deixou a MGM, voltando a trabalhar com Walter Lantz o tempo de dirigir quatro filmes e tornar popular o simpático Chilly Willy.
Depois disso, apesar dos muitos convites, Avery, manteve-se afastado do mundo da animação, tendo trabalhado em publicidade, destacando-se a criação do insecto do Raid e de The Frito Bandito, desenvolvido para promover uma marca de milho frito. Em 1979, aceitou um convite para ser argumentista e escritor de gags da Hanna-Barbera, mas esta ligação foi de curta duração, pois viria a falecer a 26 de Agosto de 1980, vítima de cancro.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias