Astérix poderá ter novos autores

Quem sucederá a Uderzo? Esta pergunta, que há anos se vem ouvindo nos meios da BD e que ganhou maior actualidade no início deste ano, quando o desenhador de Astérix decidiu ceder ao grupo Hachette a autorização para continuar as aventuras do pequeno guerreiro gaulês após a sua morte, pode estar prestes a ter uma resposta.
Em entrevista concedida esta semana à agência de notícias francesa AFP, o autor reiterou o desejo que Astérix lhe sobreviva e referiu o bom trabalho que tem sido feito pelos irmãos Frédéric e Thierry Mébarki, contratados para fazerem ilustrações para publicidade e merchandising, que muitas vezes têm passado como feitas pelo próprio Uderzo. Os dois já o auxiliaram na passagem a tinta e na aplicação das cores no álbum “O céu cai-lhe em cima da cabeça”, pelo que a hipótese de desenharem futuras histórias de Astérix ganha força.
Para além disso, não passou despercebida a ninguém a presença do argumentista Christophe Arleston, autor de sucessos como “Trolls de Troy” e “Lanfeust de Troy” e de várias das histórias de homenagem incluídas nos álbuns “Uderzo visto pelos seus amigos” e “Astérix e os seus amigos”, na conferência de imprensa do passado dia 9, em que Uderzo falou sobre o álbum “O Aniversário de Astérix e Obélix – O Livro de Ouro”, que será posto à venda em 15 países europeus, Portugal incluído, no próximo dia 22. Dados os 72 anos de Uderzo e os problemas físicos que tem na mão direita, com que desenha, este poderá ser o último título ilustrado por ele, embora na mesma entrevista tenha revelado possuir “uma vaga ideia” para uma próxima história, havendo rumores de que as novas aventuras de Astérix poderão começar já em 2010.
Entretanto, anteontem, Uderzo e Anne Goscinny, a filha do argumentista de Astérix, falecido em 1977, descerraram uma placa evocativa na fachada do nº 3 da Rue des Rameaux, em Bobigny, onde Astérix foi criado em 1959, em apenas duas horas (!), num apartamento do terceiro andar, onde Uderzo então habitava. Depois, na Universidade de Paris 13, o desenhador foi distinguido com o diploma de honra do estabelecimento, tal como Goscinny, este a título póstumo. Neste mesmo local foi inaugurado o evento “Drôles de Gaulois”, que durará até 30 de Novembro, que inclui jornadas científicas, exposições e cinema de animação evocando o nascimento de Astérix em Bobigny e estabelecendo um paralelo entre os gauleses da BD e aqueles a arqueologia descreve.
A outro nível, os 50 anos de Astérix originaram diversos produtos de colecção e merchandising, destacando-se, em França, um Obélix em resina pintada à mão, com 1,40 m de altura, de que o atelier especializado Leblon-Delienne fez apenas 125 exemplares, pelo preço módico de 3990 €, e uma peça do estúdio Attakus, que imortaliza as célebres zaragatas entre gauleses, com 42 cm de largura e 37 de altura, que obriga a despender 1500 € para adquirir um dos 500 exemplares fabricados. Para outras bolsas, existe a colecção de oito figuras alusivas ao novo álbum oferecida pelos ovos Kinder, também disponível em Portugal. Igualmente no nosso país, a editora ASA preparou diversos brindes publicitários, entre os quais ímanes, bases para rato, placas metálicas, agendas, cadernetas de postais e posters, oferecidos na compra da novidade ou de títulos do fundo de catálogo.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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