Foi há 50 anos já, que chegou à Rua do Limoeiro um certo Cebolinha, baixinho, com apenas cinco fios de cabelo e já com a característica dificuldade em pronunciar os “rr”. Nessa primeira aparição, ainda nas tiras protagonizadas por Bidú (o cãozinho azul nascido em Julho de 1959), saía de uma casota de cão onde se escondera e revelava a tendência para ferver em pouca água que o acompanharia ao longo dos anos. Mais tarde, descobrir-se-ia que a sua camisa era verde, os calções negros e os sapatos castanhos, e viria a afirmar-se como uma das mais populares criações dos quadradinhos brasileiros, com direito a revista própria a partir de 1973 e participação em inúmeros filmes, desenhos animados, peças de teatro e artigos de merchandising.
Adepto do Palmeiras, revelaria o desejo de ser o “dono da rua” (ou da “lua”, como ele dizia), pelo menos até uma certa Mônica, que nasceu três anos depois, assumir o protagonismo que faria com que o seu nome fosse dado por Maurício de Sousa à turma que foi desenvolvendo com ternura e humor, baseado nos filhos e naqueles que o rodeavam. Como aconteceu com Cebolinha, alter-ego de um menino que o desenhador conheceu na infância em Mogi das Cruzes.
Ultrapassado pela “baixinha dentuça”, depois desse dia Cebolinha passou a ocupar o tempo a inventar planos infalíveis, iguais no objectivo – derrotar a Mônica – e no resultado – acabar derrotado, quase sempre depois de levar com Sansão, o coelho de peluche dela.
Pelo menos, até o dia em que cresceu – corria já o mês de Agosto de 2008 – tornando-se jovem como a restante turma, numa existência paralela, pois o Cebolinha “pequeno” continua a divertir os seus leitores. Deixou o colorido – na prática voltou ao preto e branco original – e, agora em estilo manga, chama-se apenas Cebola, só troca “rr” por “ll” quando está nervoso e passou a ter como objectivo conquistar o coração da antiga “inimiga”. Com ela, como reflexo de uma nova geração que Maurício quer conquistar, vive aventuras do dia-a-dia (e também outras mais fantásticas) e até já trocou alguns beijos.
E, se um dia o desenhador, já com 75 anos, decidir criar a Turma da Mônica Idosa, Cebolinha pouco mudará; terá apenas que voltar à infância, quase careca e muito rezingão!
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias