Lado a lado com Hercule Poirot

O detective belga protagoniza investigação com trama original
Colecção dedicada a adptações em BD de romances de Agatha Christie ultrapassa a dezena de títulos

E de forma paulatina, a colecção que a editora Arte de Autor dedica às adaptações em BD dos romances policiais de Agatha Christie, acaba de ultrapassar a dezena de volumes.
Se dela constam já o célebre “No início, eram dez…” e obras protagonizadas por Miss Marple ou por Tommy e Tuppence, também conhecidos como os Beresford, a verdade é que, como seria expectável, é o detective belga Hercule Poirot que protagoniza a maior parte delas, sete no total, incluindo já este “Jogo Macabro”, o décimo-primeiro tomo da colecção, recém-editado.
Como era apanágio da escritora britânica, também neste caso a trama está longe de seguir os cânones do género ou situações triviais, tomando como ponto de partida original um assassinato fictício a ser resolvido pelos visitantes de uma quermesse, enigma esse que, no entanto, rapidamente dará origem a um cadáver, transformando-se a situação hipotética num verdadeiro crime.
Presente para de alguma forma servir de júri ao inusitado desafio, a convite da organizadora, uma velha amiga sua, e assumindo depois as despesas da investigação, o detective de pequena estatura e cabeça em forma de ovo vai ter de interpretar o que lhe vai sendo dito, distinguindo entre verdades, meias-verdades e mentiras, estudando posturas corporais e atitudes e gestos que à maioria passam despercebidos, para descobrir o(s) culpado(s) num ambiente senhorial que evoca tempos passados e exibe uma aristocracia em plena decadência.
Como é inevitável nos relatos do género, nem tudo o que parece é e nem todos se apresentam como realmente são, podendo o leitor acompanhar o detective nas suas deduções e, quem sabe, chegar à solução antes dele a expor.
A adaptação do original, o desenho e a cor são da responsabilidade de Marek que já tinha assinado a ilustração de outro volume desta colecção, “Hercule Poirot: Encontro com a morte”. Com um traço semi-caricatural, mais à-vontade na representação dos cenários do que do corpo humano bem proporcionado, e com uma paleta de tons suaves, Marek consegue concretizar o que nestes casos é fundamental: fazer com que a trama original funcione de forma autónoma no suporte escolhido, a banda desenhada.

Hercule Poirot – Jogo Macabro
Marek, segundo Agatha Christie
Arte de Autor
64 p., 18,95€


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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