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Art Spiegelman: autobiografia em BD

Começada nos anos 70, é agora editada em versão aumentada no mercado francês; “Maus” valeu ao autor o único Prémio Pulitzer concedido a uma obra em quadradinhos

Foi lançado ontem, dia 19, em França o livro “Breakdowns, Portrait de l’artiste en jeune !@#S%*!” (Casterman), a autobiografia de Art Spiegelman, o autor do célebre romance aos quadradinhos “Maus” (edição portuguesa da Difel, em dois volumes), que lhe valeu o Prémio Pulitzer, em 1992, na única vez em que ele foi atribuído a uma obra em banda desenhada.
O álbum encontra-se dividido em três partes. A primeira, a mais recente, foi realizada nos últimos dois anos e é nela que Spiegelman mergulha mais profundamente no seu passado. A segunda, é a reprodução fac-similada de “Breakdowns”, o seu primeiro álbum profissional editado em 1978, nos EUA, com uma tiragem bastante reduzida, no qual, em quinze relatos curtos, lançava as bases do seu percurso inovador e experimentalista, que viria a transformar o conceito de romance gráfico. Finalmente, a terceira parte é um curto ensaio ilustrado no qual apresenta as razões que o levaram a conceber esta obra.
A edição francesa surge seis meses antes do seu lançamento nos Estados Unidos, e Spiegelman fez questão de acompanhar ao pormenor toda a produção, desde a legendagem (totalmente manual!) até à cuidada execução gráfica. O seu lançamento é um dos momentos altos do Salão do Livro de Paris.
Para além de “Maus”, que o ocupou durante 13 anos, uma biografia ficcionada da experiência vivida pelo seu pai nos campos de concentração nazis e da forma como ela afectou profundamente a relação entre os dois, Spiegelman, nascido a 15 de Fevereiro de 1948, um dos mais influentes criadores de BD da actualidade, é autor também de “In the Shadow of No Tower”, no qual narra como viveu o 11 de Setembro de 2001, a poucas centanas de metros das Torres Gémeas, em que crítica a política dos EUA e pisca o olho aos pioneiros norte-americanos de BD, para além de ter dirigido a revista experimental “Raw” e de ter sido ilustrador do “The New Yorker” entre 1993 e 2002.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Grande Prémio de Angoulême para Art Spiegelman

Concluída no passado domingo, a 38ª edição do Festival de Banda Desenhada de Angoulême, França, distinguiu o norte-americano Art Spiegelman com o Grande Prémio, pelo conjunto da sua obra, reconhecendo em especial o seu contributo para o reconhecimento da BD de autor.
Nascido na Suécia, a 15 de Fevereiro de 1948, Spiegelman começou nos quadradinhos no movimento underground norte-americano das décadas de 60 e 70, sendo fundador da revista avant-garde “Raw” em 1980. Em 1986 publicou “Maus I – A história de um sobrevivente” (que tem edição portuguesa da Difel), uma obra autobiográfica em que aborda o mau relacionamento com o pai a par da experiência deste como prisioneiro do campo de concentração de Auschewitz, durante a II Guerra Mundial, utilizando animais como personagens. Cinco anos mais tarde, “Maus II – E Assim começaram os meus problemas”, valeu-lhe uma exposição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e um Prémio Pulitzer especial, em 1992.
Autor interveniente e crítico, Spigelman, considerado pela “Times” um dos americanos mais influentes de 2005, trabalhou para a revista The New Yorker, de onde saiu após o 11 de Setembro, em protesto contra “o conformismo dos media americanos”. Da sua bibliografia constam também obras como “In The Shadows of no Tower”, sobre o atentado às Torres Gémeas, e “Breakdowns”, entre experimentalismo gráfico e a necessidade de não deixar apagar as memórias dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazis.
Do restante palmarés do festival, bastante eclético, destacam-se “Cinq mille kilomètres par seconde”, de Manuele Fior (Prémio para Melhor Álbum), “Asterios Polyp”, de David Mazzucchelli (Prémio Especial do Júri); “Trop n’est pás assez”, de Ulli Lust, e “La Paranthèse”, de Élodie Durand (Revelação), “Gaza 1956, em marge de l’Histoire” (Prémio Um Olhar sobre o Mundo); “Pluto”, de Urasawa e Tezuka (Prémio Intergerações); “Bab-el-mandeb”, de Micheluzzi (Prémio do Património) e “Le Bleu est une coleur chaude”, de Maroh (Prémio do Público).

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