A autarquia de Lisboa decidiu reestruturar a Bedeteca da cidade e integrá-la na Biblioteca Municipal dos Olivais, para racionalizar recursos, disse hoje à Lusa o director municipal de cultura, Francisco da Motta Veiga. O responsável garantiu à Lusa que a Bedeteca não será extinta, mas integrada, como um serviço especializado, na Biblioteca dos Olivais, passando a ser gerida pela coordenadora desta biblioteca, Teresa Capela. “É preciso racionalizar e não se pode perder espaço e recursos. É uma questão de articular funcionalidades. A equipa [da Bedeteca] mantém-se e as actividades também na medida das disponibilidades financeiras”, disse Motta Veiga. A Bedeteca Municipal de Lisboa foi inaugurada a 23 de Abril de 1996 no Palácio do Contador-Mor, nos Olivais, onde está sedeada também a Biblioteca Municipal daquela freguesia. Durante quase uma década, a estrutura funcionou como um centro cultural dedicado à banda desenhada, ilustração e cartoon, com uma valência de preservação documental e outra de divulgação e apoio a esta expressão artística, com lançamentos editoriais e exposições. À frente da Bedeteca de Lisboa estiveram João Paulo Cotrim (1996-2002) e Rosa Barreto (2002-2010) e desde a saída desta última responsável registou-se um declínio na programação da estrutura cultural, grande parte causado pela redução de verbas. “Tomámos a decisão de articular as duas valências [Bedeteca e Biblioteca Municipal] que funcionam no mesmo edifício”, reforçou o director municipal de cultura, garantindo que a medida faz parte de um plano alargado – a concretizar a longo prazo – para a rede de bibliotecas municipais da capital. Fonte da Divisão de Bibliotecas Municipais de Lisboa explicou à agência Lusa que a Bedeteca chegou a ter uma equipa de dez pessoas a trabalhar em torno da banda desenhada, reduzida actualmente a apenas três elementos. A Bedeteca, que possui cerca de oito mil volumes, apoiou a edição de novos autores de banda desenhada, realizou exposições, encontros de promoção de leitura e o Salão Lisboa de Banda Desenhada e Ilustração, tendo sido elogiada, sobretudo na viragem do século, por ter impulsionado novos valores da BD contemporânea. “A Bedeteca está reduzida a um conjunto de estantes numa sala, perdeu-se a componente de preservação da memória e o estímulo à produção”, lamentou João Paulo Cotrim à agência Lusa. Para o antigo director da Bedeteca, a integração do organismo como um serviço especializado da Biblioteca Municipal dos Olivais é “um desrespeito pelos mais de dez anos de trabalho da casa”. “Nunca se produziu tantos ensaios e reflexões sobre a banda desenhada, ilustração e cartoon como naquele período. Havia gente a pensar e a escrever sobre exposições e autores”, disse João Paulo Cotrim. João Fazenda, Isidro Ferrer e Lorenzo Mattotti foram alguns autores da banda desenhada portuguesa e estrangeira que a Bedeteca editou e ajudou a divulgar. Actualmente no país existe uma Bedeteca, com biblioteca e programação, em Beja, e até ao verão de 2010 o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora, também tinha a valência de bedeteca. Desde então passou a ter apenas acervo ligado à BD e ilustração e a organizar exposições e o Festival Amadora BD. A componente de bedeteca foi incorporada na Biblioteca Municipal da Amadora.
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Exposição na Amadora mostra influência da Republica na génese da BD portuguesa
“A Primeira República na Génese da BD e no Olhar do século XXI” é o tema da exposição que é inaugurada hoje, pelas 19h, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (CNBDI), na Amadora.
Integrada nas Comemorações do Centenário da República – e contando com versões actualizadas por Richard Câmara do Quim e Manecas, criados em 1915 por Stuart Carvalhais, como “patronos” – a exposição integra pranchas originais, reproduções, jornais, revistas, livros e outros materiais datados dos últimos 100 anos, que mostram como artes como a BD, a ilustração, o cartoon e a caricatura evoluíram e se desenvolveram após a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.
A mostra – de que existirá uma versão itinerante a partir de Setembro – estará patente no CNBDI até 5 de Outubro, sendo depois integrada no 21º Festival Internacional de BD da Amadora, que se realiza entre 22 de Outubro e 7 de Novembro. Integrada na programação nacional de banda desenhada a desenvolver no âmbito das comemorações do Centenário da República, a exposição está dividida em cinco núcleos: “A 1ª República e a Amadora” (comissariado por João Castela Cravo), “A Caricatura Modernista e a 1ª República” (Osvaldo Macedo de Sousa), “O Primeiro Filme de Animação Português” (Paulo Cambraia), “A Génese da Moderna Banda Desenhada Portuguesa” e “A 1ª República na Banda Desenhada Portuguesa Contemporânea” (ambos coordenados por João Paulo Paiva Boléo).
Durante a inauguração os actores Filipe Leitão e Paulo Lajes e o desenhador Pedro Leitão, dramatizarão diversas caricaturas da autoria de Leal da Câmara, um dos autores que mais se destacou graficamente no ataque à monarquia.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias
Homenagem a João Abel Manta no CNBDI
É inaugurada hoje, às 19 horas, e decorre até dia 28 deste mês, uma exposição de homenagem a João Abel Manta, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora.
A ideia desta manifestação de apreço pela vida e obra do cartoonista e pintor, partiu da Humorgrafe, de Osvaldo de Sousa, e do BDJornal, de Machado Dias, como forma de assinalar os 80 anos do seu nascimento, a 29 de Janeiro de 1928.
Para além de originais do autor, cedidos pelo Museu da Cidade de Lisboa, estarão também expostos os trabalhos dos autores que corresponderam ao apelo da organização para homenagearem graficamente o mestre, nomeadamente Alexandre Algarvio, Álvaro Santos, André Oliveira, António Amado, António José Lopes, António Santos (Santiagu), Brito, Carlos Amorim, Daniel Moreira, David Pintor, Eriço Junqueiro Ayres, Filipa Malaquias, Joaquim Aldeguer, João Mascarenhas, José Ruy, José Santos, Luís Afonso, Luís Veloso, Michel Casado, Nelson Santos, Nuno Pardal, Paulo Fernandes, Paulo Santos, Pedro Alves, Ricardo Galvão, Romeu Cruz, Vasco Gargalo e Zé Oliveira.
Arquitecto de formação, João Abel Manta praticou também a pintura, decoração, tapeçaria, cerâmica e cenografia, sendo ainda uma das figuras marcantes do design gráfico nacional. Como cartoonista político, publicou no “Diário de Lisboa”, “O Século Ilustrado”, “Seara Nova”, “Sempre Fixe”, Diário de Notícias” ou “Jornal de Artes e Letras”, tendo dois álbuns editados: “Cartoons” (1975) e o célebre “Caricaturas Portuguesas dos anos de Salazar” (1978).
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias