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Tarzan regressa ao completar 100 anos

Tendo surgido pela primeira vez 1912 na revista pulp All-Story Magazine, que pré-publicou o romance “Tarzan of the Apes”, da autoria de Edgar Rice Burroughs, Tarzan, um dos mais icónicos personagens do século XX, completa um século no próximo mês de Outubro.
A data, já de si significativa, ficará marcada pelo regresso do “homem-macaco” aos quadradinhos, anunciou recentemente a Open Road Integrated Mediam.
As bandas desenhadas, que serão disponibilizadas a partir de 16 de Outubro nos EUA, simultaneamente em edição em papel e digital, serão baseadas em dois romances de Andy Briggs, “Tarzan: The Greystoke Legacy” (de 2010) e “Tarzan: The Jungle Warrior” (2012), que revisitam as origens do selvagem branco e do seu relacionamento com Jane. A versão digital incluirá uma biografia em BD do seu criador original.
Protagonista de mais de duas dezenas de romances assinados por Burroughs, Tarzan deve muito da sua fama às versões aos quadradinhos – em especial às desenhadas por Hal Foster, Burne Hogarth, Russ Manning e Joe Kubert – e no cinema – onde ficaram célebres as películas protagonizadas por Elmo Lincoln (o primeiro Tarzan do grande ecrã) e pelo campeão olímpico Johnny Weissmuller.
Entretanto, há notícias de duas novas versões cinematográficas da lenda de Tarzan, uma da autoria de Craig Brewer, para a Warner Bros., e outra da Summit Entertainment, dirigida por Reinhard Klooss e protagonizada por Kellan Lutz, que já trabalharam juntos na saga Crepúsculo, embora ainda não tenham sido adiantadas datas para nenhuma delas.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Senhores da selva

Há 60 anos nascia em Itália Akim, herói de quadradinhos populares que, como outros, antes e depois, bebia muita da sua inspiração no Tarzan imaginado por Edgar Rice Burroughs no início do século XX.

No caso de Akim, escrito por Roberto Renzi e desenhado por Augusto Pedrazza para a revista “Albo Gioello”, com o formato dos actuais cheques, a colagem ao homem-macaco, era feita quase ao pormenor: os pais naufragaram na costa africana e foram mortos por feras; o bebé foi adoptado por uma gorila, cresceu entre eles, aprendeu a sua linguagem, desenvolveu uma assinalável musculatura e fez amizade com os animais e vestia uma tanga de pele de leopardo. Tornou-se um justiceiro da floresta, temido por nativos e traficantes e, na senda da literatura popular, também combateu sábios loucos e explorou civilizações perdidas. Nas muitas aventuras, partilhadas com um babuíno (Zig), um gorila (Kar), um elefante (Baroi) e um leão (Rag), descobriu ser herdeiro de uma grande fortuna, conheceu a bela Rita – com quem viveu “escandalosamente” durante anos sem se casar (!) – e adoptou o pequeno Jim.
Isto garantiu-lhe grande popularidade, uma revista com mais de 750 números e uma vida longa de 41 anos. Divulgado em Portugal em revistas brasileiras, Akim teve edição nacional de curta duração, da Palirex, nos anos 70.
Na senda do seu sucesso, num tom mais paródico, em França, em 1963, nas páginas da “Special Kiwi”, nasceria Zembla, criado por Marcel Navarro e desenhado por diversos artistas italianos, entre os quais Pedrazza, o mesmo de Akim. Como traços distintivos, fora criado por leões, tinha o cabelo longo e uma tira de pele que lhe cruzava o tronco, e era acompanhado por um leão, um gato-selvagem, um canguru, um pigmeu e um mágico! O sucesso bateu-lhe à porta e Zembla sobreviveu até 1994. Teve revista nacional que durou 53 números e foi também publicado na colecção Tigre.
Mas as imitações do mito do selvagem branco, popularizado no cinema por Johnny Weissmuller, e na BD por Foster, Hogarth e Manning, entre as quais se conta “Korak”, o filho de Tarzan, criação de Burroughs desenvolvida nos quadradinhos a partir dos anos 1960, publicados em português, inclusive em revista própria, não se ficariam por aqui e teriam as mais díspares origens e desenvolvimentos.
Em Fishboy, Denizen of the Deep, um comic britânico escrito por Scott Goodall e publicado entre 1968 e 1975, o protagonista comunicava com tubarões e conseguia respirar debaixo de água. Yataca, criação francófona do mesmo período mas de maior longevidade, no início narrava as aventuras de uma criança selvagem na Amazónia; ao fim de uma vintena de números, sem qualquer explicação, tornou-se adulto e mudou-se para África. Entre os seus desenhadores contou-se o português Vítor Péon, cujos episódios foram publicados pela Portugal Press, numa revista com o nome do herói. No mesmo registo, Péon criaria Zama. Também com a edição nacional, com capas do pintor Carlos Alberto Santos, após o 25 de Abril, existiu Karzan, uma versão pornográfica francófona do senhor da selva.
A Marvel, casa de super-heróis, tem também o seu selvagem, Ka-Zar, “clone” de Tarzan criado em 1936 por Bob Byrd; três décadas mais tarde, foi remodelado por Stan Lee e Jack Kirby, que o transportaram para a Terra Selvagem, uma zona de clima tropical em plena Antártida onde existem dinossauros, dando-lhe por companhia Zabu, um tigre dentes-de-sabre, o que não o impede de interagir com o Homem-Aranha ou o Demolidor.
Entre as variantes mais curiosas de Tarzan conta-se “Jungle no Ouja Ta-chan”, um manga criado por Tokuhiro Masaya que originaria uma versão humorístico animada na qual o “herói”, trapalhão e casado com uma obesa e mandona Jane, podia ser visto a lavar e estender roupa. E nos anos 90, na febre dos “crossovers”, Tarzan, o próprio, viveria nos quadradinhos incongruentes parcerias com Batman ou Superman e defrontaria o cinematográfico Predator.

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Rainhas da selva

As versões femininas de Tarzan são também muitas mas Rima, a primeira “mulher selvagem”, é anterior à criação de Burroughs, uma vez que protagonizou “Green Mansions: A Romance of the tropical forest”, datado de 1904, ou seja oito anos antes de “Tarzan of the Apes”. Nos anos 1970 chegaria à BD, por onde entretanto já tinham passado Shanna the she devil (da Marvel), Tygra, Jann, Tiger Girl, Rulah ou Kara, todas elas “senhoras da selva”, que associavam ao exotismo natural do tema uma sensualidade inevitável face à sua reduzida indumentária.
A mais famosa, no entanto, é sem dúvida Sheena, queen of the jungle, criada em 1937 por Will Eisner (o mesmo de Spirit) e Jerry Iger, que foi a primeira heroína anglo-saxónica de BD a protagonizar uma revista, logo no ano da sua criação. Regularmente reeditada, Sheena tem tido também novas versões, entre as quais se destacam as de Dave Stevens e Frank Cho.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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