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Faleceu Raymond Leblanc, fundador da revista Tintin

Raymond Leblanc faleceu sexta-feira, aos 92 anos. Foi o fundador da revista “Tintin”, a 26 de Setembro de 1946, e, em simultâneo, das Éditions du Lombard, uma das principais editoras francófonas de banda desenhada, responsável pela introdução no mercado de álbuns de BD, como hoje os conhecemos, no início da década de 50. Foi também o primeiro a perceber a importância do marketing e do merchandising relacionados com a 9ª arte.
Nascido a 22 de Maio de 1915, no lançamento daquela revista, que se tornaria um marco na história da BD, reuniria nomes como Hergé, criador de Tintin e seu director artístico, Paul Cuvelier (Corentin) e Edgar P. Jacobs (Blake e Mortimer), e por lá passariam também Greg, Franquin, Jijé e muitos outros . Atingindo tiragens na ordem do meio milhão de exemplares, a revista “dos jovens dos 7 aos 77 anos”, teria versões em várias línguas, nomeadamente a francesa, a partir de 1948 e também uma portuguesa, entre 1968 e 1982. Leblanc, membro da resistência durante a Segunda Guerra Mundial, foi fundamental para que Hergé pudesse continuar a trabalhar no seu Tintin, ao conseguir anular as acusações de colaboracionismo que lhe foram feitas por ter publicado no jornal “Le Soir”, sob o controlo do ocupante nazi.
Leblanc esteve também ligado à criação dos estúdios Belvision, em 1954, onde foram feitas as versões animadas de “Astérix e Cleópatra” ou de “Tintin e o Templo do Sol”. Em 2003, o Festival de BD de Angoulême distinguiu-o com o primeiro “Alph-Art” de Honra, concedido a um editor e, em 2006, criou uma Fundação com o seu noem para distinguir novos autores de BD e conservar os seus arquivos.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Integrada nas comemorações dos 60 anos das Éditions du Lombard – nascidas a 16 de Setembro de 1946 com o nº1 da revista “Tintin” – a colecção “Milésimes” recuperou alguns dos heróis que fizeram a história da editora ou, melhor, com os quais ela fez história no seio da banda desenhada franco-belga.

Foram doze volumes, em edição fac-simile, nos quais (re)encontramos Blake e Mortimer (de Jacobs), Corentin (Cuvelier), Chick Bill (Tibet), Chlorophylle (Macherot), Pom & Teddy (Craenhals), Le Chevalier Blanc (L. e F. Funcken), Monsieur Barelli (De Moor), Dan Cooper (Weinberg), Modeste e Pompon (Franquin), Michel Vaillant (Graton), Clifton (Macherot) e Bruno Brazil (Greg e Vance).

Raymond Macherot, o único autor “repetido”, para além de “Chlorophylle”, a sua grande criação, uma BD animalista que reflecte sobre os comportamentos humanos, assina também “Clifton”. Este último é um fleumático detective britânico, “o mais dotado e perspicaz desde Sherlock Holmes” (!) que apoia as suas descobertas na sua capacidade dedutiva, mas não se esquivando a uma luta, uma movimentada perseguição ou até a utilizar o seu guarda-chuva/carabina. Histórias policiais em registo de humor, ligeiro e descontraído, de que emana o melhor da BD enquanto divertimento puro, os inquéritos do Coronel Clifton são mais um exemplo do talento multifacetado de Macherot, um autor injustamente pouco lembrado.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias