Paulo J. Mendes, foi distinguido com o Prémio Jorge Magalhães de Argumento para Banda Desenhada, referente ao ano editorial de 2022, pela sua obra “Elviro”, editada pela Escorpião Azul.
Ao JN, o autor nortenho referiu que esta distinção, que vem juntar-se ao troféu para Melhor Álbum de Autor Português, recebido no recente Amadora BD, “para alguém que nunca está satisfeito e questiona permanentemente o próprio trabalho é algo de gratificante e um sinal de que provavelmente até vamos fazendo qualquer coisa de jeito.”
Sendo um prémio para argumento, como autor apostado em “criar histórias e respectivos mundos, acaba por ter um valor acrescentado”. E desenvolve: “ Uma boa história aguenta-se bem com um desenho menos bom, mas o oposto já não é possível, o que diz muito da importância do argumento”.
“Elviro”, segundo o escritor e desenhador, é “um divertimento que nasceu nos tempos cinzentos da pandemia, que celebra os dias soalheiros do Verão de época já remota, com um leve toque picante” e também “uma homenagem aos velhos e pitorescos transportes públicos desse tempo e respectivos entusiastas que os registaram para a posteridade”, no caso os eléctricos de Nalgas do Mar, a estância balnear em que decorre o relato, semelhantes aos que o Porto ainda vai tendo.
O sucesso desta obra, bem como de “O Penteador” (Escorpião Azul), distinguido em 2020 com uma Menção Honrosa, não o fazem arrepender de “um afastamento da BD de décadas, que resultou de uma sucessão de acontecimentos muito específicos”. E explica que possivelmente “era assim que as coisas estavam destinadas a ser. Perante isto, e deitando mão ao velho chavão “mais vale tarde do que nunca”, o tempo não é de pensar naquilo que poderia ter sido feito no passado, mas sim olhar para o que ainda temos pela frente com muita motivação”.
E pela frente, está um novo livro, “cuja edição está prevista para o Outono de 2024”. E revela, entusiasmado: “é extenso, com cerca de 250 pranchas”, em que tem “estado completamente imerso como um eremita, não por causa de prazos mas pela entusiástica vontade de avançar”. Relativamente à história, adianta que “terá um humor aqui e ali mais ácido e negro, e começa com uma personagem que é obrigada a revisitar o seu passado, desencadeando com isso uma caldeirada de peripécias!”
Paulo J. Mendes, que já tinha sido distinguido com uma Menção Honrosa em 2020, por “O Penteador” (Escorpião Azul), sucede a Filipe Melo (“Balada Para Sophie”, 2020, Companhia das Letras) e a “O Fogo Sagrado” (Derradé, 2021, Escorpião Azul).
O júri decidiu também atribuir uma Menção Honrosa a Bernardo Majer por “Estes Dias” (Polvo).
O Prémio Jorge Magalhães, é uma iniciativa da editora Ala dos Livros e uma homenagem a alguém que dedicou a sua vida à escrita e à BD, como editor, coordenador de revistas (“Mundo de Aventuras”, “Mosquito – 5.ª série”, “Selecções BD”…) ou argumentista, com o objetivo de dignificar e valorizar o argumento na Banda Desenhada.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias