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Voz de Snoopy morre aos 91 anos

Bill Melendez foi o único autorizado a animar os Peanuts de Charlie Schulz; Também trabalhou em filmes de Mickey, Donald, Bugs Bunny, Daffy Duck ou Garfield

Bill Menlendez, o animador que deu vida – e voz – a Snoopy e aos outros “Peanuts”, bem como a muitas outras personagens inesquecíveis do desenho animado, morreu no Hospital St. John’s, em Santa Mónica, nos Estados Unidos, de causas naturais, contava 91 anos.
Nascido a 15 de Novembro de 1916, em Hermosillo , no estado de Sonora, no México, como José Cuauhtémoc Melendez, começou a sua carreira na animação em 1938, nos Estúdios de Walt Disney, tendo trabalhado em filmes como “Pinóquio”, “Fantasia” e “Dumbo” e também com Mickey Mouse e Donald Duck.
Mais tarde, para a Warner Bros., participou na criação de Bugs Bunny, Daffy Duck e Porky Pig, deixando a empresa em 1948 para iniciar uma carreira de director e produtor de anúncios publicitários para a televisão, tendo criado mais de um milhar de filmes nos 15 anos seguintes, entre os quais “Gerald McBoing Boing”, que lhe valeria o Óscar de 1951 para melhor curta-metragem de animação.
Em 1959, durante uma campanha publicitária para a Ford, com Snoopy, Charlie Brown e os outros Peanuts, conheceu Charles M. Schulz, o seu criador, iniciando uma relação de amizade que levaria Schulz a confiar-lhe a missão de animar os seus (anti-)heróis, tendo para isso Melendez criado a sua própria companhia juntamente com Lee Mendelson, em 1964.
A primeira experiência foi “A Charlie Brown Christmas” (1965), no qual ele próprio fez a voz de Snoopy, apesar deste não utilizar palavras, apenas expressivos uivos, suspiros e risadas. Apesar da ruptura em relação aos filmes de animação em voga – usava vozes de crianças para as personagens, a banda sonora utilizava música jazz e numa das cenas Linus recitava frases do Novo Testamento – o filme foi um grande sucesso, transformando-se um clássico natalício e dando origem a mais 60 episódios para TV, cinco especiais de uma hora, quatro filmes e 400 anúncios, todos com o dedo de Melendez.
Uma nova nomeação para os Óscares, em 1971, pela música de “A Boy Named Charlie Brown”, 19 nomeações para os Emmy – e seis troféus – fazem parte do currículo de Bill Melendez, que trabalhou igualmente em versões animadas de Cathy, Garfield ou Babar.


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F. Cleto e Pina

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Originais de BD rendem milhares

Longe vai o tempo em que a banda desenhada era olhada como uma coisa para crianças e em que os desenhos se perdiam ou ficavam esquecidos nas redacções das revistas e jornais que os publicavam. Hoje a BD tem o estatuto de arte – a 9ª – e os seus originais podem valer milhares de euros.
No passado fim-de-semana, no leilão Vintage Comic and Comic Art, organizado pela famosa Heritage, foi estabelecido um novo recorde para um original dos Peanuts. A prancha dominical de 10 de Abril de 1955, assinada por Charles Schulz, mostrando Charlie Brown sozinho no campo de basebol, debaixo de um dilúvio, foi arrematada por 113.525 dólares (cerca de 76.500 €). Esta foi a primeira vez que um desenho de Schulz ultrapassou a barreira dos 100 mil dólares.
Alguns dias antes, em Paris, numa outra venda pública de originais de banda desenhada, foi apurado um total de um milhão e trezentos mil euros, sendo Tintin a estrela do leilão. No ano em que se comemora o centenário do nascimento do seu autor, uma prancha com uma única vinheta da versão de 1941 do “Caranguejo das Tenazes de Ouro”, dedicada e assinada por Hergé, atingiu os 70.000 €, um exemplar de “Tintin au Pays des Soviétes”, de 1930, autografado e numerado (3 de uma tiragem de 1000 exemplares) foi vendido por 42 mil euros, e um esboço da capa do álbum “As jóias da Castafiore” (1963), anotado por Hergé no verso, chegou aos 48.000 €.
Na mesma altura foram também vendidos originais de Moebius (51.000 € para a primeira prancha de “Arzach”), Bilal (a capa de “Le vaisseau de pierre” por 44.000 euros) ou Franquin (30.000 euros por um desenho a tinta de “Le fou du Bus”).
A um outro nível, no final de Outubro, um exemplar (dos sete conhecidos) da revista “Amazing Fantasy #15”, com a primeira aventura do Homem-Aranha foi vendido por 227 mil dólares (153 mil euros), tornando-se a mais cara revista de BD de sempre da década de 1960.


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F. Cleto e Pina

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Banda desenhada: o regresso dos clássicos

Príncipe Valente, Tarzan, Peanuts, Zé do Boné e Lance estão de regresso às livrarias; Editora portuguesa lança clássicos da BD em Espanha

Príncipe Valente. Tarzan. Peanuts. Zé do Boné. Heróis dos quadradinhos que divertiram e/ou fizeram sonhar (pelo menos) todas as gerações dos que têm hoje mais de 30 anos, estão de volta às livrarias portuguesas. No espaço de poucas semanas ficaram disponíveis o sexto tomo da reedição integral do “Príncipe Valente”, de Hal Foster, o primeiro das “Pranchas Dominicais de Tarzan”, desenhadas por Russ Manning (ambos da Bonecos Rebeldes), mais dois volumes dos “Peanuts”, de Charles Schulz, abarcando o período de 1955 a 1958 (Afrontamento), e dois volumes do “Zé do Boné” (Andy Capp no original) de Reg Smythe (Fólio Edições). E em breve chegará também o “Lance”, de Warren Tufts (ver caixa).
Comum a quase todas é o extremo cuidado posto nas edições, a nível gráfico, no design cuidado e no seu complemento com textos introdutórios ou notas explicativas. E merece referência extra salientar que, nos casos das obras de Foster e Tufts, todo o trabalho editorial foi feito em Portugal e com tal qualidade que, inclusive, originaram uma edição em espanhol.
Este verdadeiro “regresso ao passado”, não é exclusivo português. Nos Estados Unidos, recuperam-se clássicos da 9ª arte, como os “Peanuts” (na edição que a Afrontamento está a seguir), “Popeye”, “Dennis the menace”, “Pogo”, “Prince Valiant” (numa edição inferior à portuguesa…), Krazy Kat” ou “Little Orphan Annie” (todas em curso no catálogo da Fantagraphics Books), “Mutt and Jeff” ou “Terry and the Pirates” (NBM).
Mas porquê este regresso aos clássicos? Aparentemente, há sempre razões afectivas associadas. Manuel Caldas, da Livros de Papel, afirma: “eu edito clássicos de que gosto, se o puder fazer com a qualidade que nenhum editor antes lhes dispensou”. Andrea Peniche, coordenadora editorial da Afrontamento, reforça a ideia: “a opção de edição dos “Peanuts” é, essencialmente, afectiva, pela memória das tiras publicadas no “Diário de Lisboa”, que eram recortadas e guardadas diariamente”. E bem próxima está a justificação de Francisco Linhares, da Fólio Edições: “O Primeiro de Janeiro, que pertence ao mesmo grupo da Fólio, publica há cerca de 50 anos o Zé do Boné, tendo os leitores criado laços afectivos muito fortes com ele”.
E os clássicos têm uma vantagem: chegam a leitores que habitualmente não lêem BD, mas que a leram em tempos idos. Apesar disso, Caldas diz que “não há mais público para os clássicos, mas HÁ público se a edição for mesmo de qualidade”, o que é corroborado pela experiência da Afrontamento, cujos “leitores, que já conheciam a edição americana, ficaram satisfeitos com a qualidade e cuidado da portuguesa”.
Edição que, quando não segue outra já existente, “fica mais cara do que publicar obras recentes, pois as agências ou não têm o material ou não o têm pronto para se publicar com a devida qualidade”, diz Caldas, que passou mais de 20 horas em cada prancha do Príncipe Valente, para restaurar o traço original a preto e branco de Hal Foster. Com tal qualidade, que “os muitos compradores espanhóis da edição portuguesa me entusiasmaram e eu lancei-me para Espanha”, onde uma ordem restritiva só lhe “permite vender por correspondência, o que não dá para grandes voos, apesar de não inviabilizar a continuidade da colecção”. Por isso, em 2008 “saírão mais três volumes em espanhol – e, quem sabe, noutra língua…”.
Quanto aos leitores, podem ficar descansados. Correndo tudo bem, os clássicos continuarão a chegar às livrarias durante 2008. E se a Afrontamento assume ficar-se “pelos “Peanuts”, um “projecto que nos ocupará nos próximos 10 anos” e a Fólio, não prevê outras edições “já que o material existente para o Zé do Boné é imenso, incluindo as pranchas dominicais coloridas”, Manuel Caldas admite “ter mais edições previstas”, mas acha cedo para “divulgar quais”.

(Caixa)
Lance
Na segunda semana de Dezembro ou só em Janeiro, chega às livrarias mais um clássico dos quadradinhos norte-americanos (já disponível por correio em mcaldas59@sapo.pt). É o primeiro dos quatro tomos daredição integral das pranchas dominicais de “Lance”, o western assinado por Warren Tufts (1925-1982) entre 1955 e 1960, o “Flecha” do “Cavaleiro Andante”, também publicado nos anos 70 e 80, no “Mundo de Aventuras Especial”.
Ambientado nos primeiros anos da expansão americana, “Lance” reflecte o eterno confronto bem/mal, com brancos e índios divididos pelos dois campos, com um fundo moralista e romântico, assente em personagens complexas e verdadeiramente humanas.
A edição, de grande formato (23,3 x 33 cm), que recupera as cores originais, tem o selo “Livros de Papel”, e por detrás dela está o trabalho laboriosos de Manuel Caldas, que conta “publicar apenas o segundo volume em 2008, e os dois finais em 2009”, pois passa “umas 14 horas (sem exagero), no restauro de cada prancha”, o que é necessário por não existirem “provas originais”, tendo que trabalhar a partir de “páginas de jornais da época, obtidas no Ebay”.


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F. Cleto e Pina

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