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Nova revista satírica lançada hoje em França

“Siné Hebdo” anuncia-se como “revista mal-educada” que “não respeitará ninguém”; Concorre directamente com a “Charlie Hebdo”, de onde Siné foi recentemente demitido

É lançada hoje em França a revista satírica “Siné Hebdo”, que surge como uma resposta de Siné, um dos grandes desenhadores de esquerda do Maio de 1968, ao seu despedimento pela “Charlie Hebdo”, com quem vai agora concorrer directamente.
Tudo começou em meados de Julho quando uma peça do cartoonista sobre um eventual tratamento especial das autoridades para com Jean Sarkozy, filho do presidente francês, foi considerada ofensiva e anti-semita, o que levou a direcção da publicação a exigir-lhe uma explicação pública ou a proibição de voltar a publicar. Siné recusou-se e abandonou a revista que ajudou a fundar, ainda como “Hara-Kiri Hebdo”, no início dos anos 70, e onde colaborava há mais de 15 anos. Para alguns tratou-se de um ajuste de contas entre a velha guarda da revista, a que pertence Siné, quase a completar 80 anos, e os autores mais jovens.
A nova publicação, que conta entre os seus colaboradores Bedos, Alévêque, Delépine, Gaccio, Berroyer, Geluck, Mix & Remix, Tardi ou Vuillemin, tem 16 páginas a cores, formato tablóide, anuncia-se como uma revista “de humor, libertária e mal-educada” que não “respeitará ninguém nem terá nenhum tabu”, apresenta uma tiragem de 150 mil exemplares para o nº 1 e a pretensão de fixar as vendas nos 35 mil. E sai à quarta-feira, tal como a “Charlie Hebdo” que preparou para hoje um número especial dedicado ao Papa Bento XVI, que inclui cartazes para ostentar aquando da sua próxima visita a França.
No seu site um cartoon de Jiho que mostra um avião de papel feito, com a capa da revista, prestes a embater no palácio do Eliseu, tem como título: “O 10 de Setembro de 2009 vai ficar na memória…”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Maio de 68 revisitado em BD

Revista Pilote regressa para assinalar a data; História da revolução contada aos quadradinhos; Cartoons da época de Cabu, Reiser, Siné e Wolinski compilados em livro

Como em muitas outras áreas, também na banda desenhada os acontecimentos de Maio de 1968 deixaram uma marca profunda e incontornável, pela forma como mostraram novos caminhos para tornar a 9ª arte mais adulta, descobrindo-se capaz de abordar temáticas até aí vedadas ou ignoradas. Por isso não surpreende que os 40 anos da revolução que começou por abalar Paris seja agora evocada, das mais diversas formas, pelos quadradinhos francófonos.
Desde logo numa edição especial da revista “Pilote” Dargaud), nascida em 1959 como “o jornal de Astérix”, agora subintitulada “le journal qui s’amuse a lancer un pavé”, e que foi das primeiras onde se sentiram os ventos de mudança. Com tiragem de 220 000 exemplares, reúne em 160 páginas a visão do Maio de 1968 de autores que o viveram, como Giraud, Gotlib ou Fred, a par de criadores mais jovens como Sattouf, Larcenet ou Blain.
A revista “Lanfeust Mag” também tem um número especial, oferecido com o álbum colectivo “Mai 68, le pavé de la bande dessinée” (Soleil´). Por outro lado, a colecção “A verdade sobre…”, de que as edições ASA lançaram alguns títulos, também aborda o tema com humor em “La vérité sur Mai 68” (Vent des Savanes), da autoria de Monsieur B e Sophie Dumas.
Se nos casos citados, é sobretudo a visão de hoje sobre a efeméride que impera, “Mai 68” (Michel Lafon) reúne mais de 500 cartoons da época, “contestatários e revolucionários”, assinados por Wolinski, Cabu, Siné, Gébé e Reiser, comentados por Daniel Cohn Bendit ou Cavanna.
Espírito diferente tem “Mai 68, histoire d’un printemps” (Edições Berg), em que Alexandre Franc e Arnaud Bureau traçam em banda desenhada a história dos dias que fizeram a revolução. Curioso é “1968-2008…N’effacez pas nos traces!” (Casterman), uma edição composta por um CD de Dominique Grange, que compila temas da época e alguns inéditos, transformados em imagens num álbum com o traço característico de Jacques Tardi.


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F. Cleto e Pina

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