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Surfista Prateado, arauto de um deus maior

Originalmente chamava-se Norrin Radd e vivia num planeta perfeito: sem guerras, doenças, pobreza… Quando Galactus, o destruidor de mundos, ameaçou o seu planeta, para o salvar, aceitou tornar-se arauto desse deus impiedoso e procurar mundos não habitados para ele consumir. Foi assim que chegou à Terra, onde, fascinado pela beleza da sua vida, se atreveu a afrontar o seu senhor, que o castigou exilando-o para sempre neste planeta, onde se esforça por proteger os seus habitantes, embora nem sempre seja compreendido. Mais tarde contornou a proibição, voltando às suas viagens cósmicas, sobre a prancha que controla com a mente.

Este é o Surfista Prateado um dos mais invulgares super-heróis do universo Marvel, marcado pelo destino trágico, o lado místico, a prevalência da defesa da vida acima de tudo e o tom quase religioso das suas aventuras.

Curiosamente, o Surfista foi primeiro imaginado por Jack Kirby , em 1966, quando desenhava aquela que viria a ser conhecida pela “Trilogia de Galactus”, introduzindo-o nas pranchas por achar que um deus tão poderoso precisava de quem o anunciasse. Surpreendeu assim Stan Lee, que o descobriu quando ia escrever os textos definitivos na história, que de imediato se deixou seduzir e lhe proporcionaria uma revista própria dois anos depois, onde brilharia o traço barroco do veterano John Buscema.

Na sua bibliografia há ainda uma improvável BD criada em parceria por Lee e Moebius, nos anos 80.

Na trilogia referida, o Surfista Prateado encontrou pela primeira vez o Quarteto Fantástico – um homem com corpo elástico, uma mulher que se torna invisível, um adolescente que transforma o corpo em chamas e um “homem-monstro” de pele de pedra e enorme força. Criados em 1961 foram a primeira “super-família” da BD e também os primeiros super-seres com problemas reais, conceito que revolucionou os comics da Marvel, transformando-a na principal editora do género. A vivência conjunta das suas diferenças – e a forma de encará-las – está na base de muitos dos seus problemas, mas é também nesta vivência “familiar” que encontram a força e a união com que vencem os adversários que vão surgindo.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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